Por que o crescimento do ensino a distância é bom para o País?

Publicado por Sinepe/PR em

Resultados foram revelados em uma pesquisa inovadora, liderada por um grupo de cientistas brasileiros e britânicos

O cenário de pandemia e o isolamento social imposto a todos nós fez crescer as discussões em torno do futuro da educação e a digitalização do ensino nesse contexto. E a tão desejada retomada da economia, em um cenário com 14,8 milhões de pessoas desempregadas, encontra obstáculos na carência de mão de obra qualificada.

Diante disso, ganha ainda mais relevância o crescimento da oferta e demanda por cursos de Ensino Superior à distância, 100% digital, que permitem o acesso à educação e podem contribuir para que essa nova realidade seja mais inclusiva, além de acelerar uma agenda de desenvolvimento sustentável e redução de desigualdades.

Se no passado houve certa descrença em relação à modalidade de ensino digital, hoje a realidade é diferente. Isso porque é cada vez mais notória a relevância e contribuição que a ascensão do Ensino à Distância (EAD) pode ter para a sociedade.

É importante considerarmos que o EAD é algo presente na vida das pessoas há muito tempo. Por volta de 1930 já existia a oferta de cursos por correspondência. Posteriormente, havia aulas transmitidas por rádio e TVs nas décadas de 70 e 80. No final dos anos 90, com a internet, a modalidade foi evoluindo em seus diversos formatos, até chegar na consolidação e credenciamento pelo MEC de cursos de graduação e pós-graduação via EAD, entre 1999 e 2002. E, em crescente evolução, a abertura do mercado de trabalho com mais oportunidades e melhor aceitação pelos departamentos de RH e lideranças das empresas a alunos formados em cursos EAD.

Em 2017, vimos o crescimento da modalidade devido à mudança regulatória – as Instituições de Ensino Superior (IES) passaram a credenciar os cursos EAD sem a necessidade do credenciamento para modalidade presencial – e à flexibilização para a abertura de novos polos conforme o conceito de cada IES. O Censo de 2019 retrata isso: 63,2% das vagas ofertadas no período foram na modalidade EAD. Com o isolamento social, o próximo censo deve apresentar um crescimento nesse dado. A demanda também é crescente: o número de alunos matriculados em cursos de nível superior na modalidade EAD superou a marca de 1,5 milhão em 2020, segundo apontou o Censo da Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep).

Atualmente, temos no Brasil uma quantidade limitada de municípios que podem contar com unidades presenciais com estrutura adequada para oferecer cursos de ensino superior. Isso acaba inviabilizando a oferta dos cursos ou, quando existem, tendem a ter custos mais elevados e inacessíveis para a realidade de muitas pessoas. O Brasil tem mais de 5,5 mil municípios e as instituições de ensino estão presentes presencialmente em aproximadamente 1 mil municípios. Assim, são 4,5 mil cidades desassistidas nesse aspecto, o que evidencia a importância de ampliar a oferta EAD.

Outro aspecto essencial é que o ensino 100% digital pode não apenas suprir os anseios de pessoas que querem cursar uma faculdade, mas também aliar esse importante ponto ao que as empresas e cidades precisam: mão de obra qualificada. Nesse sentido, é possível a estruturação e oferta de cursos, em qualquer região, que sejam aderentes à realidade e vocações de cada região, não importando se tenha ou não condições de contar com a estrutura física de uma IES.

O EAD vem para suprir essas lacunas, possibilitando que o mesmo conteúdo e educação de qualidade ao qual uma pessoa residente em uma grande capital pode ter também estará disponível para uma pessoa que vive em um município com dois mil moradores nos extremos do País.

O ensino digital aproxima, facilita e viabiliza realizações pessoais, profissionais e de toda uma sociedade. Por isso, são mais do que bem-vindas, e assim devem ser percebidas, toda e qualquer iniciativa que permita o desenvolvimento do ensino à distância e a democratização da educação, fazendo com que a Educação chegue com qualidade a todas as regiões do país e que mais cidadãos se formem e tenham condições de pleitear conquistas sociais e econômicas com sucesso, contribuindo também para o desenvolvimento local.

Por: Estadão