Pedagogia é o curso com maior número de alunos na modalidade EAD

Publicado por Sinepe/PR em

O Mapa do Ensino Superior no Brasil 2024, desenvolvido pelo Instituto Semesp, dedicou um capítulo especial de sua edição para abordar as licenciaturas em termos quantitativos e de percepção de quem escolheu essa carreira

Compartilhar conhecimento, satisfação em ver o progresso dos alunos ou vocação. Esses foram alguns dos motivos que fizeram professores escolherem pela carreira docente. A pesquisa do Instituto Semesp ouviu 444 educadores e observou os desafios e o perfil de quem está em sala de aula. Os dados fazem parte do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2024, relatório divulgado nesta quarta-feira (8).

Cerca de 76% dos professores que participaram da pesquisa avaliaram que a qualidade da formação para exercer a profissão era boa ou ótima. Com o recorte da modalidade de ensino, 15% dos que se formaram por meio de EAD (Educação a Distância) declararam que o ensino foi ótimo, ante 34,8% de quem fez a versão presencial.

A pesquisa foi feita com professores da educação básica e mostrou que a maior parte deles (53,6%) está satisfeita com a carreira. Os insatisfeitos ou muito insatisfeitos representam 35,5% e 10,9% respectivamente.

Outros desafios

Apesar da alta taxa de satisfação dos respondentes, as dificuldades encontradas na carreira docente são muitas. O levantamento apontou que a falta de valorização e estímulo à carreira é apontada como um dos principais desafios para os professores (74,8%).

Isso se reflete também na remuneração. Cerca de 50% dos respondentes da pesquisa ganham entre R$ 20 e R$ 50 por hora-aula. Em comparação com outros cursos, o número também é menor.

Utilizando dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) 2022, desenvolvida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o Mapa do Ensino Superior no Brasil identificou a mesma assimetria. Analisando apenas cursos de licenciatura, a média salarial por hora fica em R$ 21,99, enquanto os demais cursos chegam a R$ 39,19.

Cerca de 44,4% dos entrevistados avaliaram que sua remuneração é inadequada, mas suficiente para viver. 13,2% disseram que a remuneração que recebem atualmente é insuficiente e que não conseguem manter um padrão de vida digno.

A baixa remuneração, contudo, não figurou no topo da lista de desafios dos professores que participaram da pesquisa, aparecendo em quinto lugar com 58,3% das respostas. Antes disso, há a falta de disciplina e interesse dos estudantes (62,8%), falta de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e falta de envolvimento e participação das famílias (59%).

Esses elementos combinados fazem com que grande parte dos professores (79,4%) já tenham pensado em desistir da carreira.

Tecnologia na escola

O levantamento também questionou o uso de tecnologias digitais no ambiente escolar. No setor privado, 45,9% dos entrevistados relataram usar tecnologia frequentemente ou às vezes. Nesse setor, não há relatos de total ausência de uso tecnológico em sala de aula. Já na área pública, 3,7% afirmaram nunca recorrer a essas ferramentas durante as aulas.

Quadro dos cursos no Brasil

As licenciaturas ganharam um capítulo especial neste estudo. Sozinhas, elas representam quase uma em cada cinco matrículas (17,7%) em instituições de ensino superior no Brasil. A rede privada leva vantagem com 1,1 milhão ante 572 mil das IES (Instituições de Ensino Superior) públicas.

O ensino a distância lidera o número de matrículas na área (64,2%) e entre matrículas de IES privadas eles representam 90,2% dos cursos. O mapa utiliza como base dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira).

Na modalidade a distância, quem lidera a lista de cursos é a pedagogia. E entre as licenciaturas, o curso também figura entre os com maior número de alunos.

Qual o perfil de quem está na licenciatura?

De acordo com o levantamento, as matrículas em licenciatura são, majoritariamente, femininas (73,3%). O número de pretos e pardos também é maior na comparação com outros cursos, representando 42,2%).

Durante a apresentação do relatório para a imprensa, Lúcia Teixeira, presidente da instituição, ressaltou o quanto essa área é procurada por pessoas mais velhas. 48% das matrículas em licenciaturas são de alunos com mais de 29 anos. Nos outros cursos essa taxa fica em 33,2%.

“Achamos que é necessário repensar também o modelo de oferta dos cursos de licenciatura. Estamos fazendo uma campanha para atrair os jovens para esses cursos. Os currículos precisam ter mais prática, mais capacitação para o uso de tecnologia e há a necessidade de financiamento das mensalidades, porque a maioria dos que vão para o curso de licenciatura são de classe social mais baixa”, comentou Lúcia.

Ela sugere, inclusive, a criação de uma bolsa permanência para quem está neste curso, algo semelhante ao pé de meia, programa do governo federal lançado pelo governo federal para diminuir a evasão no ensino médio.

Rodrigo Capelato, economista e diretor-executivo do Semesp, avalia que o mapeamento é fundamental para compreender diferentes contextos e cenários. “Acho que o mapa traz grandes benefícios não só para direcionar o planejamento das IES associadas, como também para um direcionamento de políticas públicas. Às vezes, elas são feitas de maneira geral para o Brasil todo, quando poderiam ser observadas com mais profundidade pelas regiões, se tornando mais eficientes”, disse.

Além de abordar as licenciaturas, o mapeamento traz dados sobre matrículas em todas as regiões do país, um painel sobre as diferentes modalidades de ensino ofertadas, quais cursos lideram em número de alunos e mais.

Por: Porvir