Mais de um ano após início do ensino remoto, professores ainda têm dificuldade de avaliar à distância, mostra pesquisa

Publicado por Sinepe/PR em

Pouco mais de um ano após o início do ensino remoto no país, professores de escolas municipais de 87 cidades de todo o país dizem, em pesquisa exclusiva com quase 9 mil docentes, que aprenderam a usar ferramentas de educação à distância, mas têm dificuldade em avaliar os alunos. Os dados são da pesquisa Vozes Docentes, da rede Conectando Saberes, obtida com exclusividade pelo GLOBO.

O estudo, financiado pela Fundação Lemann e produzido com apoio técnico da startup Catálise – Impacto social, mostra que 83% dos professores municipais se sentem bem adaptados às tecnologias. No entanto, 42% não conseguem avaliar estudantes com o ensino remoto.

Logo no início da pandemia, os professores não sabiam usar as ferramentas básicas, fazer vídeo-chamadas, entre outras coisas. Agora, mostramos que eles começaram a se adaptar a essas ferramentas. Isso não significa, no entanto, que se adaptaram a ensinar da melhor forma por essas ferramentas — afirma Lucas Corrêa do Bomfim Costa, gestor de projetos da Conectando Saberes.

Na educação pública, as ferramentas são, em geral, mais simples do que as utilizadas nas escolas privadas. Pesquisa divulgada em março pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) mostra que o ensino remoto no Brasil foi, majoritariamente, uma combinação de aulas por whatsapp com materiais impressos.

O levantamento foi respondido por 3.672 municípios brasileiros, que concentram14,7 milhões de estudantes. Desses, mais de 90% utilizaram aulas por WhatsApp e materiais impressos para as atividades remotas. Formas que demandam conhecimento técnico maior, como plataformas educacionais ou aulas ao vivo, estão presentes em apenas 22% e 21%, respectivamente, das redes.

Aos 61 anos, Dayse Barbosa, professora de inglês da rede municipal do Rio, conta que o processo de adaptação ao ensino remoto foi longo e trabalhoso.
— Nós tivemos que correr atrás e trocamos muitas informações uns com os outros. Por exemplo, passei a conhecer mais sobre a gameficação, que pode ser feita com ferramentas do Google — diz a professora, que participou da pesquisa.

Doutor em Educação pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, Américo Amorim afirma que a maioria das escolas no ano passado implementaram um ensino remoto emergencial que tentou transportar técnicas defasadas já no ensino presencial para a internet.

Por: O Globo