Com crianças mais tempo online na pandemia, famílias e escolas precisam ficar atentas ao cyberbullying

Publicado por Sinepe/PR em

Como se não bastassem todos os pontos de atenção que a educação remota demandou, mais um elemento soma-se a esse cenário: as maiores chances de crianças e jovens sofrerem cyberbullying pelo aumento do tempo na internet. É claro que não se trata de uma relação de causa e efeito, mas a maior permanência navegando entre aplicativos, mesmo que com propósito educacional, representa um alerta.

O tema tem sido debatido dentro e fora das escolas e ganhou até uma data de conscientização nacional. Em 7 de abril, data que marca o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, SaferNet e UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) lançaram a campanha de conscientização Acabar com o Bullying #ÉDaMinhaConta, desenvolvida em parceria com o Instagram e Facebook, redes sociais onde esse tipo de prática acontece.

Modalidade virtual do bullying
Bullying e cyberbullying têm características em comum, como o fato de serem uma intimidação repetitiva. Por isso fala-se em perseguição. Apesar de o bullying presencial ser praticado “cara a cara”, o cyberbullying tem seus efeitos ampliados pela rápida disseminação de conteúdos na internet.

“No presencial, um ou dois alunos ou uma turma intimida uma criança. Na modalidade virtual, pessoas que nem conhecem essa criança podem provocar essa intimidação. Ou seja, o cyberbullying abre vaga para intimidadores”, explica Juliana Ferrari, psicóloga, mestre em psicologia escolar e do desenvolvimento humano e gerente pedagógica da Camino Education.

O grau de intimidação varia muito no online e, devido às ferramentas disponíveis, existe uma gama de possibilidades para reforçar a perseguição virtual. Elas vão desde comentários maldosos em um vídeo ou dança que a criança posta no TikTok, exemplifica Juliana, até mesmo a manipulação refinada de conteúdos, como o recorte do rosto da pessoa em uma careta, que é transformada em figurinha para o WhatsApp.

O cyberbullying também pode ser um comentário no chat da videoaula, uma hashtag ou um tipo de emoji feito em um comentário ou mesmo no bate papo da aula remota naquilo que os alunos chamam de piadas internas, mas que podem ser muito ofensivas. Pode ser uma imagem ou a figurinha de um animal representando um ataque a alguém, a algum tipo de discriminação, seja em relação a ao peso, a aparência física ou mesmo em relação a orientação sexual.

Em graus mais avançados, estão as ameaças. “No virtual, como o indivíduo pode estar protegido por outra identidade, o tom da ameaça aparece mais rápido”, afirma Juliana. Além disso, outra diferença é a idade e a ameaça em questão. Enquanto no presencial normalmente há maior proximidade entre as idades dos praticantes e das vítimas, no online isso ganha outra proporção em termos de níveis de poder e idade. “Há uma sutileza e diferença importante. No presencial, a perseguição física tem uma tendência de humilhação e imposição da força daquele que está provocando, de autoafirmação. No virtual, a ameaça é de banimento, de cancelamento, com frases como ‘a sua existência não é relevante’.”

Por: Por Vir