Roleta das emoções incentiva turma da educação infantil a lidar com sentimentos

Publicado por Sinepe/PR em

Professora do interior de Rondônia cria roleta das emoções para apoiar meninos e meninas a entender – e verbalizar – o que sentem
Como incentivar as crianças pequenas, de 4 e 5 anos, a lidar com as emoções, reconhecendo-as em si mesmas e nos outros? Esse foi o desafio da sequência de atividades realizada com crianças entre 4 e 5 anos da minha turma de educação infantil da E.M.E.I.E.F. Chapeuzinho Vermelho. A escola se localiza no município de Ariquemes, distante 202 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia.

No começo de 2022, quando retornamos às aulas presenciais, sentimos que muitas crianças estavam mais agressivas, tristes, quietas, sem saber explicar o que sentiam. Muitas delas chegavam pela primeira vez à escola; tudo era novidade depois de dois anos tão difíceis de distanciamento social causado pela pandemia da Covid-19. Para apoiá-las, tive uma ideia ao ver uma colega que imprimiu e estava recortando alguns emojis, as famosas carinhas usadas em conversas em redes sociais e nos aplicativos, como o WhatsApp e o Instagram.

Pensei: “E se, durante a roda de conversa com os alunos, essas carinhas fossem mostradas, para ajudá-los a identificar as emoções?” Assim nasceu também a ideia de colar esses emojis (tristeza, alegria, medo, raiva, surpresa e amor) em uma roleta.

À medida que a criança girava a roleta das emoções e parava em um determinado sentimento, conversávamos sobre o que aquilo representava, deixando-a relatar momentos do cotidiano em que elas sentiram aquilo, de maneira livre e espontânea. A todo momento, eu ressaltava ser normal sentirmos raiva, medo, tristeza… O importante é saber como lidar com esses sentimentos. Na maioria das vezes, os pequenos externam sua “raiva”, por exemplo, por meio de atitudes agressivas. Com conversa e paciência, tudo pode ser trabalhado.

De maneira natural, as crianças foram perdendo a timidez. A turma da educação infantil ficou empolgada com as carinhas de “alegria” e também acolhia quem girava a roleta das emoções e tirava a carinha “raiva” ou “tristeza”. Foi o caso de um dos meninos, que tinha ficado muito bravo no dia anterior porque “o papai e a mamãe não o deixaram dormir na mesma cama”, entre outras situações comuns no dia a dia dos pequenos.

Para complementar a atividade, fizemos rodas de leitura das obras “O livro dos sentimentos”, de Todd Parr, e “De onde vêm os sentimentos”, de Thaise Agostini. Cantamos algumas cantigas de roda: “Rock das emoções”, “Canção das emoções”, “Cara de quê?”, ”Se você está contente”, “A música dos sentimentos”, ‘Se és feliz quero te ver bater as mãos”.

Os pequenos também expressaram seus sentimentos por meio de pinturas, recortes e colagens. Desenharam carinhas representando o sentimento deles naquele dia.

Os objetivos gerais das atividades com a educação infantil são: conhecer-se, apreciar-se, e cuidar da saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.

Em relação à aprendizagem, a lista é ainda maior:
• demonstrar empatia pelos outros, percebendo que as pessoas têm diferentes sentimentos, necessidades e maneiras de pensar e agir;
• criar com o corpo formas diversificadas de expressão de sentimentos, sensações e emoções, tanto nas situações do cotidiano quanto em brincadeiras, dança, teatro;
• expressar-se livremente por meio de desenho, pintura, colagem, dobradura e escultura, criando produções bidimensionais e tridimensionais;
• desenvolver a capacidade de lidar com as emoções e expressar seus sentimentos, desejos e necessidades.

Ao final desta sequência, percebemos que as crianças ampliaram a maneira de expressar seus sentimentos. Notamos, também, que diminuiu consideravelmente o índice de crianças que batem nos colegas. Elas desenvolveram empatia pelos colegas, respeitando os momentos em que os amigos estão nervosos ou raivosos.

O que é preciso para replicar a roleta das emoções?
Cartolina, cola, tesoura para construir a roleta; livros de histórias infantis; projetor e acesso à internet para transmitir vídeos com cantigas de roda.

Por: Porvir