Faculdades particulares se reúnem antes da CRES+5

Publicado por Sinepe/PR em

Encontro promovido pelo Semesp busca romper o isolacionismo das IES privadas

Quem não esteve presente no “CRES+5 na perspectiva da Realcup e dos agentes públicos”, realizado nesta terça (12), agora pode ficar por dentro dos principais temas discutidos no encontro. Promovido em Brasília, o evento foi direcionado a resolver desafios de gestão, como estratégias para aumentar o número de matrículas, facilitar o acesso ao ensino a diferentes perfis de estudantes, estratégias para apoiar a permanência, garantir a empregabilidade, discutir tecnologias, inovações que têm impactado o aprendizado e a formação docente, e entender o que os estudantes esperam do ensino superior.

Esse encontro, organizado pelo Semesp em parceria com a Realcup, foi uma tentativa de mobilizar todos os envolvidos com a educação superior que vão participar da Conferência Regional do Ensino Superior da América Latina e Caribe (CRES+5), em que diferentes governos, associações, sindicatos e outras representações vão pensar, debater e influenciar diretrizes de políticas públicas em um documento que será publicado pela IESALC-Unesco.

Refletir sobre os desafios das instituições privadas, fortalecendo consensos foi o que movimentou o encontro de hoje, como preparação para as contribuições no fórum dos próximos dias.

As universidades privadas da América Latina e Caribe representam hoje mais de 50% do número de matrículas de estudantes no ensino superior e estão preocupadas em como promover mais autonomia para as universidades, garantindo a qualidade do ensino superior. Como pensar políticas públicas que regule sem enclausurar o futuro e a inovação das universidades. E como democratizar a representatividade das instituições, dos atores, das vozes e desejos para que o futuro possa ser construído por todos.

A primeira mesa, composta por representantes de associações do Peru, Argentina, Brasil e a Unesco, defendeu a aproximação entre as instituições privadas e governos responsáveis pela criação das políticas públicas. Reconhece-se a responsabilidade que abre oportunidades para a transformação social de forma mais inclusiva considerando a aprendizagem ao longo da vida. Porém, inovar pressupõe mover fronteiras e sair de reproduções e as universidades desejam autonomia, compreendendo que esta autonomia precisa estar acordada com os governos. Uma autonomia que equilibre os desejos e necessidades do Estado e das instituições privadas. Que preveja oportunidades de autorregulação e autoavaliação. Caminhos dessa autonomia apontam para o desenvolvimento da maturidade, ampliando a confiança entre estas instituições e os governos. Quando há confiança nas universidades, os governos tornam-se mais flexíveis na avaliação de programas.

Além disso, conectar a autonomia com a identidade social das universidades e seu verdadeiro valor para suas comunidades. Qual valor agregamos na vida dos estudantes universitários e egressos das instituições de ensino superior? Além de transformar vidas é preciso tornar visível estas mudanças, a partir de um olhar mais estratégico.

Conectar as universidades com os objetivos de desenvolvimento sustentável de maneira mais evidente é outro ponto desejado pelas universidades. Mas como? Para apoiar as universidades com o trabalho com os ODS, a Unesco está preparando uma autoavaliação com mais de 400 indicadores. Em abril estará disponível para as universidades que buscam este apoio e reconhecimento pela Unesco.

A segunda mesa inicia a discussão, com Francesc Pedró, diretor geral da IESALC-Unesco, pensando nos desafios e nas mudanças que afetaram a educação superior no mundo nos últimos anos. Além da pandemia, as mudanças de governos e consequentemente de políticas públicas, preocupações globais como a polarização e como as instituições de ensino se posicionam, contribuindo ou ficando a mercê neste campo de discussão. A Unesco se coloca como uma plataforma de apoio para conseguir consensos diante deste cenário de opiniões extremas. A educação é um bem público, é um direito universal para formação dos cidadãos. Ao sair da polarização público-privado, presencial e Ead, podemos focar na qualidade, independente de modalidades, modelos.

Diante da velocidade das mudanças que impactam o futuro das profissões e consequentemente a legitimidade das universidades na formação de profissionais que se tornam obsoletos rapidamente, precisamos buscar consensos. Consensos que nos movam para o como fazer. Para isso é preciso ouvir e entender o que as pessoas que estão envolvidas desejam. Incluir professores, estudantes em discursos que acolham a diversidade e objetivam o bem comum.

Por: Revista Ensino Superior