Estratégias para engajar a turma com as produções textuais em sala de aula

Publicado por Sinepe/PR em

Confira sugestões para estimular a criatividade e conduzir os momentos de escrita de forma significativa

Quem nunca se pegou absorto pelos pensamentos e sem a menor ideia de como iniciar um texto? Organizar o discurso e transformá-lo em palavras também exige ser capaz de transitar pelos gêneros de texto que circulam em nosso cotidiano, estar consciente diante das mais diversas circunstâncias a que somos involuntariamente convidados a nos posicionarmos de forma clara, objetiva e madura.

Para muitos alunos, a aula de redação pode ser um tormento. Nossa tarefa é mostrar a eles que o uso da linguagem e a escrita fazem parte de nosso dia a dia. Ao proporcionarmos aos nossos alunos o contato com a leitura e a escrita como práticas que exigem a apropriação de recursos linguísticos adequados às mais diversas situações de comunicação, oferecemos a eles condições para que desenvolvam os saberes necessários à constituição de sua competência discursiva.

Para Lucília Garcez, em seu livro A escrita e o outro, “o texto escrito, enquanto ação com sentido, constitui uma forma de relação dialógica que transcende as meras regras das relações linguísticas, é uma unidade significativa de comunicação discursiva que tem articulações com outras esferas de valores. Exige a compreensão como resposta, e esta compreensão configura o caráter dialógico da ação, pois é parte integrante de todo processo da escrita e, como tal o determina”

Estratégias para incluir a produção textual na rotina

Há três ações que considero fundamentais para incluir no seu planejamento:

  • Explorar os vários gêneros textuais, dando ênfase à tipologia textual predominante em cada um deles e tendo em mente a intencionalidade pedagógica que pretende ao abordar as dimensões da organização textual.
  • Estabelecer e compartilhar as métricas que serão adotadas para avaliar as produções, ou seja, criar condições para que o aluno seja o primeiro leitor crítico dos textos que venha a produzir.
  • Habituar a turma com a socialização das produções, oportunizar comentários analíticos entre os pares e também sob sua visão atenta, a fim de ampliar o conhecimento e estabelecer conexões com outras áreas do saber. A ideia é associar temáticas desenvolvidas pela turma, mas também contemplar outras manifestações de linguagem.

Pensando um pouco mais sobre as estratégias que podem ser utilizadas para que, nas aulas de produção de texto, possamos exercitar a criatividade, dando à escrita o devido espaço para os usos da língua, é importante resgatar conhecimentos guardados na grande bagagem que o aluno leva consigo. Confira três dicas que podem te auxiliar nesse trabalho.

Proponha momentos de reflexão e problematização

Em sua comunidade de escritores, que é a sala de aula, faça um recorte das informações que pretende explorar com a turma, sejam elas relacionadas ao gênero de texto em estudo, marcas de autoria, possibilidades expressivas ou até mesmo o pacto que se estabelece nas relações firmadas entre leitor, texto e contexto. Para tal:

  • Fuja de aulas desgastadas pela repetição que resultam em textos vazios e artificiais;
  • Compare textos de diferentes gêneros, mas que tratem da mesma temática, avaliando os recursos e estratégias utilizados pelo autor;
  • Permita que o aluno se aproprie conscientemente das tipologias adequadas às diferentes produções.

Faça com que os alunos se percebam como autores

Escrever requer esforço e sensibilidade. Ao propor ao aluno um processo de criação, a escrita se torna um projeto pessoal e não apenas mais uma tarefa. Essa ação exige que a turma se conscientize de seu papel enquanto escritores, por isso:

  • Estimule com que seu aluno seja um pesquisador, seja capaz de sumarizar informações, confrontar dados relevantes e selecionar informações pertinentes vão concretizar ideias até então subjetivas. Ele saberá o que e para quem dizer, valendo-se de situações reais de comunicação,
  • Auxilie-o a melhorar seu potencial de escritor e não apenas o texto. Um autor proficiente revisa, reescreve e divulga sua produção – afinal, o desenvolvimento da prática discursiva compreende as dimensões de fala, escuta, leitura e escrita.

Envolva os estudantes na produção textual

Elaborar um texto é engajar-se em todo o processo – o texto resulta da participação de diferentes componentes: o autor, para quem foi escrito, o contexto de produção e os canais por onde irá circular. Daí, a importância de criarmos rubricas de avaliação que darão o direcionamento de nossas metodologias, tais como, adequação ao tema e ao gênero propostos, coesão e coerência (se há fluência no uso de palavras e expressões que denotam progressão, temporalidade, criatividade, paragrafação) e respeito às convenções linguísticas e adequação vocabular.

Escrever, como bem disse Adélia Prado, “é descobrir sua própria voz”. Seja um mediador para tantas vozes que ecoam em nossas escolas!

Por: Nova Escola