Número de jovens inadimplentes é alerta sobre educação financeira

Publicado por Sinepe/PR em

Especialista Aline Soaper aponta solução para endividamento brasileiro

Segundo dados do SPC Brasil, 46% dos brasileiros, com idade entre 25 e 29 anos, estão endividados e inadimplentes. Além disso, 75% dos jovens, com idade entre 18 e 30 anos, não fazem controle de gastos. Diante desse cenário, fica a pergunta: será que a inclusão da educação financeira na grade escolar seria uma solução para formar cidadãos capazes de gerir suas finanças na vida adulta? Para o governo de São Paulo, a resposta é sim.

Não à toa, em julho deste ano, foi anunciada a reformulação do ensino médio no estado para o ano letivo de 2024. Nela, a secretária de Educação (Seduc-SP) decidiu reduzir o total de itinerários formativos e inseriu novas disciplinas na grade escolar, como Educação Financeira.

Para auxiliar instituições de ensino na implementação desse conteúdo, a educadora financeira Aline Soaper desenvolveu o EfincKids, metodologia que já está sendo ministrada para crianças dentro do ambiente escolar para ensinar educação financeira, empreendedorismo e investimentos dentro das escolas. Com escolas no Rio de Janeiro, já utilizando a metodologia, a especialista defende que o aprendizado financeiro ainda na infância é uma ferramenta de transformação para minimizar o problema crônico de endividamento dos brasileiros.

“A educação escolar não pode ser focada apenas em conceitos técnicos para as provas, as crianças e adolescentes precisam ser preparados para lidar com os desafios da vida e o dinheiro é o primeiro desafio que eles irão enfrentar e terão que lidar com ele durante toda a vida. Um adulto despreparado para lidar com dinheiro sofre por anos com escolhas erradas, endividamento, ansiedade e até problemas relacionados à vida profissional e relacionamentos. As escolas precisam incluir uma educação financeira contextualizada e que prepare as crianças não apenas tecnicamente, mas principalmente ofereça recursos para que essas crianças cresçam preparadas para enfrentar o desafio de gerar e gerir o próprio dinheiro”, ressalta a educadora à frente da EfincKids.

Alfabetização financeira das crianças

Voltado para a alfabetização financeira de crianças (a partir de 3 anos) até adolescentes na sala de aula, o novo projeto oferece conteúdos baseados em uma metodologia única, desenvolvida pela especialista, que prepara o professor para lecionar aulas de educação financeira nas escolas. Os alunos contam com materiais adaptados para a realidade atual sobre como lidar com o dinheiro unindo a educação financeira integrativa, o empreendedorismo e as habilidades socioemocionais.

“Nossa metodologia trabalha o tema dinheiro de forma lúdica e divertida, através de livros e eventos interativos nas escolas. Para tal, além das aulas semanais, também promovemos, uma vez por ano, uma Feira de Empreendedorismo e o Donation Day, voltada para o empreendedorismo social”, explica a empresária que veio do Complexo do Alemão e tem um Instituto de Educação Financeira com mais de 7 mil alunos, além de oferecer conteúdos de educação financeira de forma gratuita com alcance de mais de 1 milhão de pessoas todos os meses através de suas redes sociais.

Segundo a diretora do Trinity Christian School, Talita Verling, o propósito da escola neste processo de inserir a educação financeira na grade curricular utilizando a metodologia EfincKids, é o de preparar os alunos para os desafios que terão na vida adulta.

“O papel da instituição de ensino é preparar o aluno para a fase adulta. E acreditamos que o conhecimento em finanças pessoais ainda na infância é fundamental para formar cidadãos que saibam controlar seus gastos, poupar e investir. Na nossa escola, optamos por começar essas noções básicas ainda no ensino fundamental, com crianças a partir dos seis anos de idade, para tal, utilizamos de atividades lúdicas. Em uma de nossas turmas do ensino fundamental, por exemplo, incentivamos os nossos alunos a colocar em uma capsula do tempo seus sonhos estimulando os mesmos a pensar no futuro. Já em outra turma, fizemos um debate para mostrar para os nossos alunos como podemos economizar dinheiro. O material ainda nos proporciona trabalhar com os alunos mais velhos estimulando uma auto avaliação do seu perfil comportamental, preparando os mesmos não apenas com conhecimentos, mas com a sabedoria para tomar decisões financeiras conscientes”, ressalta a diretora.

Para a carioca Andreia Araújo, que tem sua filha matriculada no colégio Trinity Christian School, instituição que oferece o ensino de educação financeira para crianças dentro da sua grade, a família já notou uma mudança no comportamento da adolescente Maria Eduarda, de 15 anos, após iniciar o aprendizado com noções básicas de como gerir o dinheiro através da metodologia de ensino da EfincKids.

“Com as aulas, ela simplesmente despertou para a necessidade de organizar parte da mesada para seu uso pessoal no dia a dia, e guarda outra parte para uma futura emergência; e, ainda, outra parte foi aplicada a curto e médio prazo. Tudo pensado sobre riscos de perda, inflação e juros; para que satisfaça um projeto pessoal em breve. Na escola, ela está imersa em um projeto de empreendedorismo na produção e vendas de cookies. Só temos elogios a tecer!”, conta a responsável.

Por: Terra