Maioria dos professores sente falta de formação em educação financeira

Publicado por Sinepe/PR em

Apesar da maioria dos professores achar que a educação financeira deve ser debatida nas escolas, eles não têm acesso a material didático de qualidade

A maioria dos professores acha que a educação financeira deve ser debatida nas escolas (74%) e que é para todos (53%), mas cerca de metade afirma que falta formação específica na área (59%) e que não tem acesso a material didático de qualidade (49%). Os dados são da segunda edição de um estudo do Instituto XP e da Nova Escola, que entrevistou ao redor de 1 mil profissionais de escolas públicas.

As entidades avaliam que à medida que a educação financeira avança, os docentes identificam brechas no ensino e se sentem mais despreparados. Somente 23% deles usam educação financeira no contexto das aulas.

O levantamento aponta que, atrás do avanço do acesso a conteúdos sobre educação financeira, do número de investidores da bolsa e das plataformas de investimentos no país, ainda está uma dura realidade: a educação financeira nas escolas precisa evoluir em um Brasil com alto endividamento.

O assunto está incluído na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que define os conhecimentos essenciais que os alunos da educação básica devem aprender. Contudo, especialistas afirmam que ela deve ir além do papel, por meio de políticas públicas e privadas, que atualmente são escassas. Alunos e professores de baixa renda são os mais prejudicados.

Os principais desafios dos alunos, na avaliação dos professores, são a adaptação do conteúdo à capacidade de aprendizado (79%), a ansiedade elevada (52%) e os problemas em casa (51%). As dificuldades estão ligadas à pandemia, que desencadeou o afastamento das aulas presenciais e, consequentemente, causou perdas significativas para os estudantes.

Contudo, a fatia de profissionais que acredita que os alunos estão preparados para absorver a educação financeira disparou de 52% para 89% entre a primeira edição da pesquisa, feita no fim de 2021, e a segunda. O uso de exemplos pessoais para aproximar os alunos do assunto aumentou de 24% para 40%.

O Instituto XP e a Nova Escola ainda perguntaram sobre o papel do dinheiro na vida pessoal dos docentes. Apenas metade (55%) afirma que o dinheiro representa liberdade e que consegue se organizar, pagar as contas e fazer planos, enquanto 39% dizem que o dinheiro não representa nem prisão, nem liberdade e 7%, que não conseguem ter uma relação equilibrada entre os ganhos e os gastos.

Após a primeira edição do estudo, o Instituto XP e a Nova Escola, organização de impacto social e sem fins lucrativos dedicada a conteúdos para educadores, entregaram diferentes conteúdos gratuitos adaptados às necessidades observadas no estudo. Depois da análise das respostas da segunda edição, a ideia das entidades é avaliar como esses materiais apoiaram, de fato, a implementação do assunto nas escolas.

Por: Valor Investe