Salário chega a superar o de nível superior

Publicado por Sinepe/PR em

Chance de carreira é maior para quem fez curso técnico do que para quem só estudou o ensino médio

Profissionais que cursaram o ensino técnico costumam ter salários maiores do que os daqueles estudantes que concluíram apenas o nível médio, além de mais chances de estabelecer uma carreira. Algumas análises, como o estudo “Indicadores da Qualidade dos Egressos do Ensino Técnico”, de pesquisadores do Insper, concluem que jovens de 18 a 29 anos com nível técnico conseguem inserir-se no mercado com mais estabilidade e melhores perspectivas.

No quesito salário, o grupo também se destaca. Em uma escala de 0 a 1, onde 1 indica os vencimentos mais altos, e 0, os mais baixos, profissionais de nível técnico alcançaram média 0,33, enquanto aqueles com nível médio obtiveram pontuação 0,23. Diplomados com ensino superior alcançaram 0,53 no indicador do Insper. No ramo da indústria, ocupações como operador de geração de energia elétrica ou técnico de metalurgia, chegam a remunerar melhor que outras de nível superior.

Conforme dados do Serviço Nacional de Aprendizagem (Senai), um técnico de mineração pode receber cerca de R$ 12 mil após dez anos de carreira. Segundo a instituição, maior rede privada de educação profissional do país, o salário médio na admissão, em 2021, era de R$ 1.900. Já profissões típicas dos egressos do nível médio, como padeiro, caixa e tecelão de malhas, pagam salários iniciais mais próximos ao piso nacional (R$ 1.320 hoje) – ou abaixo do piso do nível técnico -, segundo o Salariômetro, plataforma da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

“Além de dar uma identidade social aos jovens, o nível técnico oferece salários mais competitivos. A formação regular da escola é insuficiente, e o jovem da periferia, sem a formação profissional, por exemplo, pode acabar caindo no subemprego e sobrevivendo de bicos”, opina Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai.

O pesquisador do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) Carlos Henrique Corseuil calculou que a conclusão do ensino médio oferece, em média, um retorno salarial entre 11% e 20% acima daqueles que iniciaram, mas não concluíram, os estudos nessa fase – por outro lado, há pouca diferença nos ganhos entre concluintes dos ensinos fundamental e médio. Courseuil reforça que não é recomendável que os jovens parem de estudar ao terminá-lo. “Hoje, o espaço para inserir-se no mercado de trabalho só com o ensino médio é bem menor”, diz o especialista.

A Oracle Brasil, subsidiária da gigante americana de tecnologia, encerrou no mês passado mais um programa de estágio em que ofereceu 40 vagas para técnicos e estudantes universitários. O salário costuma ser o mesmo para ambos os níveis. A companhia, com 2.000 funcionários, informa que incentiva profissionais técnicos a avançar para a graduação. “A maioria do nosso corpo técnico chega pelo estágio, e os benefícios oferecidos são os mesmos que para os estudantes do superior. No próximo ano fiscal, inclusive, planejamos implantar uma mentoria reversa, em que os jovens irão monitorar os executivos”, conta Milena Almeida, diretora de RH.

Por: Valor Econômico