Crianças superdotadas também têm dificuldades e sérios sofrimentos

Publicado por Sinepe/PR em

Mesmo apresentando aspectos do conhecimento acima da média, crianças que possuem alta inteligência enfrentam sofrimentos na infância. Na verdade, elas somente pensam “fora da caixinha”

Quando uma criança é tida como superdotada imagina-se prontamente que ela possa resolver cálculos complexos com rapidez, mostre facilidade no aprendizado de línguas estrangeiras, além de dominar muito bem o próprio idioma. O que ocorre, na verdade, é que a superdotação existe, mas ter aptidão incomum para solucionar problemas que seus pares não conseguem está longe de significar que o superdotado seja bom em tudo o que faz. Na maioria das vezes, a excepcionalidade por excesso de inteligência causa constrangimento, sofrimento e dor psíquica.

Um caso de superdotação que simboliza facilidades e dificuldades é o do paulista Enzo Tavares Hermenegildo, de 8 anos de idade. Ele consegue agregar e liderar os seus colegas na escola. Segundo análise neuropsicológica e outros testes, no aspecto da liderança, é como se Enzo tivesse 14 anos. Acontece, porém, que a característica de “super” também lhe trouxe alguns árduos episódios. “Ao descobrirmos essa particularidade dele, percebemos que ficava irritado ao ver que seus colegas não conseguiam resolver questões que ele solucionava com simplicidade”, conta Fabiana da Silva Tavares Hermenegildo, mãe do menino. Junto à superdotação também se soube que Enzo é portador do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), controlado com medicação. “Às vezes, o simples fato de ser obrigado a esperar já representa sofrimento a tais crianças”, diz Rosana Oliveira, mestre em educação artística do Projeto Ingenium, instituto que atende 152 menores superdotados de diferentes idades e nacionalidades.

Ela diz que crianças superdotadas direcionam o foco a assuntos que não são tratados em colégios tradicionais, o que mostra a necessidade de modificação do ensino: “deve-se investir na formação mais abrangente do professor”. Rosana acrescenta que a superdotação pode se dar em tipos diferentes de habilidades: acadêmica, intelectual, social, talentos especiais, o que inclui áreas artística, psicomotora e de criatividade. Isso quer dizer que há crianças que têm dificuldade para escrever o próprio nome, mas se destacam, por exemplo, nos esportes.

Confirma a tese o comportamento da carioca Gabriela Souza Eyng, de 14 anos de idade. Aos 6 anos a adolescente não conseguia se relacionar com crianças da mesma faixa etária. Mas, por outro lado, sempre demonstrou enorme preocupação com o sofrimento de gente socialmente desfavorecida e, com a mesma intensidade, interesse em conversar com pessoas mais velhas, especificamente aquelas que detêm conhecimento artístico. “Hoje, o seu passeio preferido são os museus, enquanto os colegas pensam em redes sociais”, diz Karine Souza Eyng, médica e mãe de Gabriela.

Três indicadores de hiper inteligência
RACIOCÍNIO
Resolve problemas com rapidez, tem capacidade de pensar em soluções e processá-las mentalmente
OPERAÇÃO
A criança executa uma tarefa ao mesmo tempo em que maneja outro tipo de informação
SINTONIA
Há facilidade para diferenciar sons e compreender detalhes de imagens. Manifesta atenção elevada ao ambiente ou é dispersa em atividades de sua idade

Por: Istoé