Plataformas educacionais podem apoiar diferentes setores da escola

Publicado por Sinepe/PR em

Tecnologias organizam dados e facilitam a gestão pedagógica, mas devem ser adotadas de acordo com as reais necessidades

Há alguns anos, era impensável ter milhares de músicas ou filmes disponíveis a poucos cliques, por meio de plataformas como Spotify e Netflix, sem a necessidade de um player instalado. A mesma facilidade é proposta pelas tecnologias educacionais voltadas ao dia a dia da escola.

Sejam adotadas ao nível da gestão para auxiliar a coordenação pedagógica ou usadas pelos professores em sala de aula, as diferentes tecnologias trazem eficiência. Podem gerar dados e conferir processos de inteligência aos relatórios, por exemplo. Ao agregar informações, uma plataforma digital também é capaz de apoiar a escola nas suas ações de contratação e formação de professores, de acordo com as necessidades de cada grupo, ano e disciplina, usando informações e números sobre engajamento de alunos, aprendizado e desenvolvimento.

“Compare as duas cenas: professores, coordenadores e assistentes de direção preparando provas, corrigindo questões, calculando médias e subindo notas no sistema. Agora pense que tudo isso pode ser feito por uma plataforma. Isso facilita a vida da escola e economiza gastos de papel, tempo e equipe, liberando o esforço instalado na escola para o que realmente importa: ensinar e aprender”, exemplifica o cofundador da Camino Education e diretor de conteúdo da CLOE, Renato Dias.

A secretaria escolar também pode se beneficiar com a adoção de uma tecnologia que proporcione a minimização de esforço e de erros na gestão de documentos. Ou a portaria, por sua vez, consegue aumentar a segurança e reduzir riscos com o suporte tecnológico. Independentemente da área de aplicação, é preciso que escolas busquem empresas que proporcionem a oferta integrada de múltiplos serviços.

Soluções mapeadas
Mesmo antes da pandemia, já era tendência o surgimento de novos negócios e soluções baseadas em tecnologia para os desafios do dia a dia na educação, como aponta o Mapeamento Edtech 2020: Investigação sobre as Tecnologias Educacionais Brasileiras, produzido pela Abstartups (Associação Brasileira de Startups) e pelo CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira). A pesquisa mostra que, entre 2019 e 2020, o número de edtechs avançou 26% e ficou na casa das 566, antes mesmo de as escolas serem obrigadas a fechar as portas e transferir todas as atividades para o mundo online.

Renato defende que as plataformas digitais são rápidas, econômicas e conectadas, por transmitir informações, organizar dados e facilitar as ações de gestão pedagógica pelas escolas. Cofundador e CEO da School Guardian, Leo Gmeiner compartilha a opinião e acrescenta que, no mundo da educação, eficiência quer dizer melhores resultados. “No âmbito da sala de aula, com o viés pedagógico, gerar resultados melhores significa um aprendizado mais sólido para os alunos ou proporcionar mais tempo e ferramentas aos professores”, afirma.

Os benefícios em sala de aula
A profissão docente vai muito além de chegar em sala de aula e ministrar sobre uma disciplina. Além de conhecer profundamente o conteúdo, também é necessário dominar técnicas relacionadas ao fazer docente, cuidar dos diários de classe, lidar com cobranças e pressões das famílias e das equipes técnicas e pedagógicas, diversificar os estímulos para motivar alunos, entre tantas outras atribuições.

Considerando esse cenário de múltiplas responsabilidades, Renato Dias aponta a importância de os educadores terem tempo para fazer aquilo que é principal de sua profissão: planejar e manejar experiências de aprendizagem significativas para seus alunos.

“Preparação de provas, marcação de presença, comunicados, gestão de materiais. Tudo isso é desvio de foco. Uma plataforma que ajuda o professor a acessar os melhores recursos, como vídeos, fotos, textos e áudios, e oferece conteúdo completo, de maneira didática e instrucional, é uma plataforma que justamente coloca o foco no que importa: o desenvolvimento de habilidades em situações de aprendizagem ativa”, pontua, citando o exemplo da CLOE.

Além do livro didático
Quem é da época em que as escolas utilizavam apenas o livro didático vai se lembrar: as informações que não eram encontradas no texto ficavam como pesquisa de tarefa de casa, sem a possibilidade de acessar a internet durante a aula para pesquisar.

Hoje, os smartphones, quase uma extensão corporal dos alunos (sobretudo das gerações mais novas), facilitam esse trabalho – e a adoção de plataformas educacionais pode expandir ainda mais as propostas pedagógicas, quebrando as barreiras do livro didático.

“O livro didático se encerra em si, pelo seu conteúdo e formato impresso, um conhecimento que parece ser estático: é como se a editora dissesse ‘eis aqui o conhecimento necessário’. A diferença para uma plataforma digital é gigante”, afirma Renato. Já Leo aponta que nada impede que os livros didáticos sejam o ponto de partida, com propostas ampliadas a partir do uso da tecnologia. “Tecnologias disruptivas como realidade aumentada ou simples códigos QR podem ampliar ainda mais o acesso a conteúdos relacionados a partir dos livros”, avalia.

Critérios de adoção
Se por um lado a tecnologia tem o potencial de facilitar e agilizar processos, por outro é preciso levar em conta o nível da desigualdade no país, considerando que a maioria das escolas brasileiras – sobretudo as que pertencem às redes públicas de ensino – não contam com internet banda larga ou equipamentos de qualidade, mesma realidade em parte dos domicílios.

Para Leo Gmeiner, é preciso considerar que a tecnologia é um meio, e não o fim.“Por isso, os processos de adoção de plataformas tecnológicas pelas escolas devem partir de objetivos claros de cada área da instituição, para que a ferramenta realmente ajude os profissionais com as demandas que eles apontam, e não o caminho contrário”, ressalta.

Renato cita os dados do Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social que reforçam o desequilíbrio social e tecnológico do Brasil: 30% dos filhos de pais que não tiveram nenhuma instrução acessaram a banda larga durante a pandemia, número que passa para 90% nos lares onde os pais contam com curso superior completo.

“Esses números mostram que o problema do uso da tecnologia por escolas não é de bloqueio ou aversão, é um problema objetivo de acesso, nos lares e nas próprias escolas. Avalio que um dos grandes desafios para a educação no país, no momento de retorno à normalidade pós-pandemia, será o de prover conectividade, computadores e tablets para os alunos e professores das redes particulares e públicas. Temos um desafio de gestão de recursos e infraestrutura pela frente”, conclui Renato.

Por: Porvir