Próximo ano letivo no ensino superior “só pode ser presencial”

Publicado por Sinepe/PR em

Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior adiantou ao DN que já deu orientações às instituições que tutela sobre o ano letivo. Manuel Heitor quer o regresso dos alunos às universidades e politécnicos. Deverão ser abertas mais 2 mil vagas no concurso geral de acesso.

“Só pode ser presencial. Obviamente que, durante a próxima semana, no princípio de setembro, iremos confirmar as recomendações da Direção-Geral da Saúde, mas não posso deixar de fazer um apelo a todas as instituições e, sobretudo, a todos os docentes que, no quadro daquilo a que eu chamo uma autonomia responsável, garantam condições de presença de todos os estudantes das instituições de ensino superior”, garantiu ontem Manuel Heitor ao DN.

“Temos estudantes que nos últimos dois anos estiveram muitas horas à frente de um computador, assim como docentes, e, por isso, temos hoje felizmente um quadro sanitário, certamente associado a uma capacidade muito relevante de vacinação, para podermos estar confiantes para que o ensino retome um ensino presencial”, prosseguiu o ministro do Ensino Superior.

Manuel Heitor não rejeita, porém que as universidades e politécnicos continuem a recorrer a alguns dos meios digitais que usaram durante a pandemia. “É natural que tendo-se o sistema adaptado a ferramentas digitais que algumas atividades, nomeadamente aulas teóricas, possam ter uma componente de digital. É natural que se tenha aprendido também muito a usar mais e melhor atividades digitais, mas nada substitui um ensino sobretudo presencial, onde os jovens possam estar em contacto uns com os outros, em contacto com docentes e investigadores e, sobretudo, em ambientes onde a realidade institucional da presença física, sobretudo em idades de jovens adultos, que são muito sensíveis àquilo que são as interações sociais, as atitudes e os comportamentos, que devemos contrariar o isolamento progressivo a que a pandemia nos obrigou”.

Na opinião do ministro do Ensino Superior, é preciso combater o isolamento dos alunos, é preciso que estejam na presença de pessoas, “sobretudo para as instituições de ensino superior, onde se aprende também a viver como adulto e faz parte cada vez mais em Portugal e no mundo das instituições de ensino superior, para além dos temas das suas áreas temáticas, também ensinar e garantir as condições adequadas para as pessoas aprenderem”. “E, por isso, o nosso apelo, como o temos feito e iremos repeti-lo, é fortalecer sempre o ensino presencial, qualquer que seja a adoção de, num caso ou noutro, naturalmente de integração com sistemas digitais, que sabemos que podem melhorar algumas coisas, mas, de uma forma geral, não substituem o ensino presencial”, reforçou o governante.

O próximo ano letivo está já a ser marcado também pelo número de candidaturas recorde ao ensino superior. Na primeira fase de candidaturas, que terminou na passada sexta-feira, foram registadas 63 878 candidaturas, o maior número desde 1996. O número de vagas abertas existente é de 52 963, um valor superior já ao do ano passado. Na terça-feira, a Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior já tinha dado um parecer favorável ao reforço da oferta de vagas e ontem o Conselho de Ministros aprovou um decreto-lei que dá luz verde a esse reforço. O número ainda não está definido, mas Manuel Heitor adiantou ao DN que deverão rondar as duas mil.

Universidades podem acolher estudantes afegãos
Os refugiados afegãos que queiram continuar a frequentar o ensino superior em Portugal podem vir a ter vagas disponíveis nas instituições universitárias nacionais. Tal como o alojamento também poderá ser disponibilizado pelas universidades ou politécnicos no âmbito da sua autonomia.

De acordo com o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, a gestão das vagas que existem para o Ensino Superior pode garantir lugares para esses alunos que venham a escolher Portugal para viver depois de saírem do Afeganistão – onde ontem dois atentados suicidas provocaram cerca de 60 mortos junto ao aeroporto de Cabul. “Temos um grande número de vagas para estudantes estrangeiros. Portanto, apesar de a procura por estudantes, sobretudo oriundos de África e da América Latina e em particular do Brasil, estar a aumentar, ainda temos muitas vagas disponíveis. Neste momento, com o total dos concursos especiais e dos concursos para estrangeiros há cerca de 5500 vagas disponíveis”, adiantou ao DN.

Quanto ao caso particular de alunos afegãos, o governante recorda que cada instituição é que gere as vagas, mas referiu o caso de Évora onde a universidade se “disponibilizou a empregar, não é a dar vagas, é a empregar dez mulheres afegãs e obviamente mais do que ter as vagas a questão é o apoio social a estudantes e a pessoas que venham para Portugal”.

A questão da vinda de estudantes do Afeganistão está a ser analisada também com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e o Conselho de Reitores também já se disponibilizou. “São sempre processos longos, diplomáticos, e por isso, para além do voluntarismo, que é importante, têm e devem ser tratados no âmbito diplomático”, concluiu.

Por: Diário de Notícias