Um olhar sobre a qualificação dos professores no Brasil

Publicado por Sinepe/PR em

Os professores desempenham um papel fundamental na formação dos alunos. Mas há quem duvide que, quanto mais qualificados os professores, melhor é a aprendizagem.

Um estudo da International Journal of Educational Development, no entanto, pode pôr fim à discussão. Uma vez que os alunos são expostos a diferentes professores com várias qualificações todos os anos, os pesquisadores utilizaram uma perspectiva cumulativa para examinar o papel dos índices de qualificação dos professores. Os resultados indicam o óbvio: alunos ensinados por professores qualificados têm mais probabilidade de obter um desempenho elevado em testes.

E qual é o contexto do Brasil no que diz respeito à qualificação dos professores?

A qualificação dos professores do Brasil
Qualificar os professores é um dos grandes objetivos – e desafios – da educação brasileira. Até 2024, 50% dos professores do ensino básico no Brasil devem se formar em nível de pós-graduação e todos precisam receber formação continuada em sua área de atuação. As metas são do Plano Nacional de Educação (PNE), vigente desde 2014.

Dados do Censo Escolar 2020 mostram que, entre os docentes de ensino médio, 97,1% têm nível superior completo: 89,6% em licenciatura e 7,4%, bacharelado. Parece uma boa notícia.

O que preocupa, porém, são os de professores sem formação na disciplina que ensinam. No ensino médio, eles são 35%. Nos anos finais do ensino fundamental, 43%.

O quadro mais crítico é no Nordeste, onde 54% dos professores de ensino médio e 41% de ensino fundamental II têm formação apropriada. Na região Norte, o índice também é baixo: só 44,2% dos docentes na última etapa do ensino fundamental possuem diplomas de graduação e de licenciatura na disciplina que ensinam.

Mesmo nas regiões com melhores indicadores, a situação não é satisfatória. No Sul, 71,3% dos professores de ensino médio têm licenciatura na área em que trabalham – ou seja, 28,7% ensinam, diariamente, um conteúdo no qual não são especializados.

Segundo especialistas, mesmo que as áreas sejam parecidas, o profissional vai encontrar dificuldades para lecionar uma disciplina que ele não aprendeu devidamente. “O tipo de conhecimento que ele vai trabalhar com os alunos será superficial”, diz Ângela Soligo, professora de pós-graduação da Unicamp ao portal G1.

Com uma carga horária intensa, sobra menos tempo para o docente investir em formação continuada. Assim, terá ainda mais dificuldade para se instrumentalizar e melhorar a qualidade de suas aulas. Quem perde são os alunos.

Por Desafios da Educação