Vestibulares serão com máscara nos locais de prova e webcam fiscal em casa

Publicado por Sinepe/PR em

Contra aglomeração, USP e Unicamp aumentam locais de exame; Mackenzie e ESPM não terão avaliação presencial

Para oferecer processos seletivos de forma segura a milhares de candidatos durante a pandemia de Covid-19, as instituições de ensino tiveram que se adaptar.

Na USP, maior universidade do país, o processo seletivo remoto, solução encontrada por muitas escolas, nunca chegou a ser uma possibilidade, por causa do grande número de inscritos.

“Não dispomos de estrutura de fato segura, que evite fraudes, para aplicar a avaliação online a 130 mil candidatos”, diz Belmira Bueno, diretora-executiva da Fuvest, órgão que organiza a prova da USP.

Mas o dia de vestibular será bem diferente de outrora. Em primeiro lugar, haverá o dobro de locais para a realização do exame —cerca de 150 contra 75 no ano passado, para reduzir aglomerações.

“Dentro das salas, a Fuvest já não ocupava todas as carteiras, para evitar cópias, mas reduzimos mesmo essa lotação antiga à metade”, diz Matheus Torsani, médico que assessora a Fuvest no desenho do vestibular deste ano.

Máscaras serão obrigatórias a todo momento —à exceção da hora do reconhecimento do candidato—, álcool em gel será distribuído e o distanciamento entre as carteiras será de, no mínimo, 1,5 metro. As salas terão de ser arejadas e o uso de ar-condicionado está proibido.

Os cerca de 16 mil fiscais e outros profissionais que participarão do vestibular terão de usar, além da máscaras, “face shields”. E o colaborador que manusear a prova só o fará de luvas. Os alunos terão intervalo maior de tempo para acessar os prédios, para evitar que muitos entrem juntos.

“Nos preocupamos também com o pós. Vamos pedir para os cursinhos não promoverem aglomeração na frente dos locais de prova, como costumam fazer”, diz Torsani.

A instituição ainda não tem uma decisão sobre como fica o lanchinho que os alunos levam para o exame.

“É delicado. O vestibulando não pode ficar cinco horas sem comer. A equipe médica está se dedicando a uma solução”, afirma Bueno, da Fuvest. Não haverá mudanças no conteúdo da prova.

A Unicamp é outra que segue com o modelo presencial. A universidade também aumentou o número de locais de prova, acrescentando duas novas cidades à lista, que agora tem 32 municípios.

Além disso, dividiu sua primeira fase em dois dias, reduziu o tempo máximo do exame de cinco para quatro horas e também o número de questões, de 90 para 72.

O Mackenzie, por sua vez, terá seleção 100% online. Os vestibulandos resolverão, a partir de seus computadores, 48 questões, além da redação.

“O candidato será monitorado a todo momento. Ele tem de manter uma webcam ligada e haverá fiscais o vigiando. Se sai da página da avaliação, o fiscal recebe o alerta na hora”, diz Milton Pignatari, coordenador de processos seletivos. Segundo ele, haverá um fiscal para cada 25 candidatos.

Já a ESPM aboliu a avaliação tradicional neste ano. Para ingressar na instituição, o vestibulando terá de passar por entrevista e depois escrever uma redação. Tudo remotamente.

“Fazia tempo que queríamos implementar a entrevista, mas não tínhamos um modelo para isso. Com o reforço tecnológico que tivemos de ter pela pandemia, conseguimos”, diz Alexandre Gracioso, vice-presidente acadêmico.

A escola entrevistará todos os inscritos, cerca de 3.500. Para isso, recrutou 150 professores. As conversas, que têm pautas específicas, divulgadas previamente, são agendadas no momento da inscrição. Para a redação, o candidato terá de gravar também um vídeo falando sobre o que escreverá.

Os cursinhos, por sua vez, estão flexibilizando as atividades na reta final. Antes 100% remotos, eles já oferecem opções presenciais —simulados, aulas e plantão—, com limite no número de alunos e observação de protocolos sanitários. No Etapa, Cursinho da Poli e Poliedro, os estudantes podem fazer simulado presencial. Já o Anglo segue só com atividades digitais.

Para quem é vestibulando, o ano é de incertezas. “Quando começou a pandemia, fiquei meio desnorteada, pois não sabia estudar em casa. Tive ajuda e consegui melhorar, mas ainda é difícil ter disciplina para estudar sozinha”, afirma Laura Ferreira da Silva Mateus, 19, aluna do Cursinho da Poli que prestará letras na USP e Unesp, além do Enem.

Por Folha de S. Paulo