Cursos mais novos têm procura 500% maior

Publicado por Sinepe/PR em

Número de programas na área de tecnologia quase triplicou, o que significou um aumento de cerca de oito vezes nas vagas

O avanço dos cursos de tecnologia aparece em vários indicadores. Se você olhar apenas o número de inscritos – os interessados no curso –, o número saltou de 140 mil para 719 mil em dez anos, de acordo com dados do Ministério da Educação. É um aumento de mais de 500%. O crescimento também é significativo entre os alunos que se matricularam de fato em alguma faculdade pública ou privada. Aqui, o salto foi de 35%.

Essa alta pressionou as instituições. O número de cursos na área quase triplicou, e houve aumento de quase oito vezes nas vagas. O cenário não chega a ser totalmente surpreendente, afinal vivemos a era digital. O que chama a atenção é a seta que aponta para o futuro. Estudo desenvolvido pelo Escritório de Carreiras da Universidade de São Paulo (USP) aponta as dez carreiras da próxima década.

“Estamos preparando profissionais que vão exercer plenamente sua profissão em 2030. O contexto que vivemos, de presença da tecnologia em todas as profissões, vai se acentuar. O mundo será cada vez mais tecnológico”, diz Antonio Freitas, pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Pesquisa da IBM com 3,8 mil executivos de 20 países aponta que 59% consideram que a pandemia acelerou a mudança. Entre os brasileiros, 51% vão apostar em cibersegurança. “As empresas estão olhando para a transformação digital como algo concreto e atual. Antes, viam como o futuro”, diz Alcely Strutz Barroso, líder de Programas Globais para Universidades da IBM na América Latina.

Está aí a pista da principal bússola que influencia a procura por profissões entre os estudantes: o mercado de trabalho. O estudante Kevin Toledo, de 19 anos, ouviu essa voz. Apaixonado por computadores desde criança, ele escolheu o curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial da Pontifício Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). E acredita que não terá problemas para conseguir emprego quando se formar como cientista de dados. “A tecnologia só facilita a vida das pessoas”, diz.

Empregabilidade. Os bons índices de empregabilidade em cursos estão ligados às parcerias das universidades com grandes empresas. Coordenadores do curso da PUC, por exemplo, dialogam semanalmente com a SAP, Tivit e Oracle, empresas que oferecem estágios, material de treinamento e palestras para os alunos.

E as oportunidades não atraem só quem está saindo do ensino médio. Formado em Administração de Empresas com MBA em Gestão de Mercados, Marcelo Johas decidiu dar uma guinada na carreira aos 32 anos. Hoje, ele está no 3.o semestre do curso Tech da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e trabalha numa plataforma sueca de campeonatos de e-sports (jogos eletrônicos). O curso é outro exemplo da proximidade com o mercado. “Hoje, formamos estrategistas digitais”, diz o coordenador Flávio Azevedo Marques.

Por Estadão