Bienal do Livro de SP: O que professores podem encontrar no evento

Publicado por Sinepe/PR em

Maior evento literário da América Latina chega a sua 27.ª edição e traz conversas sobre antirracismo, saúde mental, inovações e mais

Incentivar e desenvolver habilidades leitoras nem sempre é uma tarefa fácil. Contudo, os livros auxiliam no desenvolvimento de debates sobre os mais variados temas. Além disso, por meio deles é possível aprofundar conhecimentos e trabalhar aspectos formativos, seja dos alunos ou dos professores.

A Bienal do Livro de São Paulo, que começa na próxima sexta-feira, 6 de setembro, e vai até o dia 15, é um desses locais onde os livros servem como apoio para o aprofundamento de discussões relevantes e atuais.

Com essa proposta, o evento apresenta o “Espaço Educação”, uma área com palestras, rodas de conversa e lançamento de livros focados em temas que estão dentro e fora da sala de aula.

Solange Petrosino, curadora do espaço, acredita que por ser um local de ampla circulação de pessoas, a Bienal é um lugar ideal para semear ideias e reflexões urgentes como as ligadas ao antirracismo, mudanças climáticas, gênero, inovações tecnológicas, inteligência artificial entre outros assuntos da escola

“Em tempos nos quais nem todo mundo valoriza o conhecimento científico, nós temos que brigar para que a informação de qualidade chegue até as pessoas, para que possam ter uma postura crítica e se posicionar como um educador precisa”, diz.

O que os professores podem fazer na Bienal do Livro?
Além do acesso a uma vasta quantidade de obras que tratam sobre os mais diversos temas e que contribuem com o aprendizado docente, Solange comenta que a programação traz diferentes módulos que, apesar de apresentados em pouco tempo, servem como um estímulo formativo para os professores.

A curadora destaca que “a educação deve estar a serviço da comunidade” e que tanto espaços formais como não formais podem ser aproveitados ao máximo para pensar em formas de engajar os estudantes e ficar atualizado sobre assuntos que se conectam com a realidade da turma.

Com duração média de 30 minutos, os módulos de conteúdo sempre trazem um especialista e alguém que tenha vivência no tema proposto. A curadora elencou para o Porvir alguns destaques do Espaço Educação.

Antirracismo e sala de aula
Na esteira do antirracismo, um dos temas fundamentais para a escola do século 21, vale assistir ao debate Nilma Lino Gomes, ex-ministra da Igualdade Racial do Brasil, primeira mulher negra a comandar uma universidade pública federal e referência no assunto.

“A gente sabe o quanto temos problemas relacionados a isso. Hoje mesmo lembrei da notícia muito triste do aluno do Colégio Bandeirantes vítima de suicídio. A sociedade está doente nesse sentido e nós precisamos nos cuidar”, afirma Solange.

Ainda nessa área, a curadora destaca a participação de outras figuras importantes e que ajudam a pensar a questão racial no Brasil, como as escritoras Cidinha da Silva e Barbara Carine, que também falam no dia 6.

Diversidade cognitiva
“A neurodiversidade é um assunto que está batendo muito forte entre os professores. Eles sempre falam da inclusão, perguntam ‘como eu lido com essa diversidade cognitiva que está na sala de aula’? E a gente tenta trazer algumas respostas para acalmar um pouquinho o coração desses educadores”, diz Solange.

Conversas sobre altas habilidades e dificuldades de aprendizagem aparecem na programação. A curadora destaca a participação de Luciana Brites, especialista em neurodesenvolvimento e que vai falar como funciona o cérebro de uma pessoa com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). Luciana participará nos dias 11 e 13.

Mais uma sugestão da área mencionada pela curadora é a presença de Julie Goldchmit, jovem autista autora do livro “Imperfeitos”, que fala sobre sua trajetória de vida e sua relação com o mercado de trabalho. Julie participa de um bate papo sobre como a inclusão pode mudar vidas no dia 11.

Outros destaques desse módulo são as falas da pesquisadora Telma Pantano, que vai trazer uma discussão sobre os princípios básicos da neuroeducação, e Conrado Schlochauer, autor do best seller “Lifelong Learners – o poder do aprendizado contínuo.”

Gênero e diversidade
Outra temática que circula tanto dentro quanto fora da escola e é de total importância é a questão de gênero. “Nós vamos trazer esse tema de uma maneira muito respeitosa, por meio de diferentes óticas, não para afrontar ninguém, mas para refletir sobre um tema que afeta muitas pessoas”, comenta Solange.

Dentro da proposta de trazer diferentes visões, a curadora destaca a participação da freira católica Carolina Mureb, que vai abordar diversidade de gênero no contexto educacional. Haverá um papo também sobre superação da discriminação de gênero com a educadora trans Taylor Olivia, o jornalista Felipe Suhre e Leonardo Rabela.

Ambas as atividades ocorrem no dia 7, sábado.

Sustentabilidade
É difícil pensar em escola e não falar em questões climáticas atualmente. Para incentivar educadores a refletirem ainda mais sobre esse assunto, a Bienal trará uma série de conversas sobre sustentabilidade.

No dia 10, Paulo de Camargo, representante da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Brasil, une-se a Luciano Monteiro, diretor global de sustentabilidade e comunicação da Santillana, para destrinchar os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

A curadora do espaço afirma que gestores escolares também poderão ingressar no tema. A palestra com Miguel Setas, porta-voz do Pacto Global da ONU, vai abordar lideranças que vão além do ESG (Governança ambiental, social e corporativa). A conversa com ele será na terça-feira, dia 10.

Inovação e inteligência artificial
Temática bastante abordada aqui no Porvir, a inovação educacional também tem espaço na seção de educação da Bienal.

Para os educadores que querem entender sobre as conexões entre leitura e livro digital, haverá uma conversa com editoras nacionais no dia 11, quarta-feira. Ainda no campo das inovações, a especialista em mídia e educação Carolina Sanches vai abordar o novo conceito de formação de leitores com a palestra “Leituras Elásticas”, também no dia 11.

A conversa sobre inteligência artificial segue aquecida e tem espaço reservado no evento literário. Dora Kaufman, referência neste segmento, faz uma fala desmistificando a IA e seus usos na educação na quinta-feira, 12. No mesmo dia haverá conversas sobre inteligência artificial e aprendizagem e crianças no mundo digital.

O tema das telas e de como elas podem causar ansiedade nos alunos também aparece na programação. A partir do livro “Geração Ansiosa”, do psicólogo Jonathan Haidt, especialistas debaterão como se dá o desenvolvimento da ansiedade nas crianças devido ao uso excessivo de telas. Letícia Lyle, diretora da Camino School e conselheira do Porvir, participa desta conversa, também no dia 11.

Mais sobre a programação: https://porvir.org/bienal-do-livro-sp-professores-evento/

Por: Porvir