Professores precisam ser designers no EaD?

Publicado por Sinepe/PR em

Quando falamos sobre educação a distância (EaD), normalmente a primeira coisa que vem à cabeça são as vantagens que ela proporciona para os estudantes. Da facilidade de acesso à otimização do tempo; da autonomia para o estudo ao desenvolvimento de competências digitais, a modalidade é orientada para estimular uma aprendizagem ativa e permitir que os alunos se tornem os protagonistas desse processo.

É o oposto do modelo tradicional, em que os professores eram os únicos detentores do conhecimento. O que não quer dizer que os docentes tenham perdido a relevância. Eles continuam com a missão de guiar os estudantes, assumindo uma diversidade de papéis na EaD: tutores, mediadores e, em muitos casos, designers instrucionais.

Em relação a esse último atributo, cabem alguns questionamentos. Um professor precisa mesmo entender de design? Quão relevante é esse conhecimento para a preparação das aulas e a criação de conteúdo engajador? E quem não tem esse perfil, o que faz? É o que veremos a seguir.

A forma também é importante

Oferecer conteúdo pedagógico de qualidade é o primeiro passo para uma experiência de aprendizagem estimulante na EaD. Mas é preciso mais. Com um mundo de distrações na internet e sem professores “policiando” o tempo todo, até o aluno mais focado pode perder a concentração.

Em um ambiente de aprendizagem, todos os elementos devem ser atrativos — do contrário, não irão captar a atenção dos estudantes. É por isso que a forma é tão importante quanto o próprio conteúdo. E é para isso que serve o design instrucional.

O papel do design instrucional

Definido pelos educadores Patricia L. Smith e Tillman J. Ragan como o processo de “traduzir princípios de cognição e aprendizagem para o planejamento de materiais didáticos, atividades, fontes de informação e processos de avaliação”, o design instrucional busca desenvolver estratégias para atender às necessidades dos alunos e aos objetivos de ensino. Para tanto, é necessário definir objetivos de aprendizagem, desenvolver materiais e atividades educacionais e avaliar sua eficácia.

No contexto da EaD, isso significa que, além de preparar o conteúdo, o professor precisa se preocupar com apresentações, vídeos e outros elementos gráficos que farão parte do ambiente virtual de aprendizagem. Até aí, tudo bem: desde o desenho de um organograma na lousa à criação de slides no PowerPoint, os educadores sempre se valeram de recursos visuais para reter a atenção dos alunos.

Só que a tecnologia avançou muito, e oferecer uma experiência de aprendizagem engajadora sem recorrer a softwares de design não é uma possibilidade. Por outro lado, nem todos os professores têm tempo ou vocação para atuar como designers instrucionais, ou simplesmente preferem se concentrar no conteúdo. Dessa forma, qual a melhor opção para quem não domina softwares de design?

Criando conteúdo atrativo

Uma boa alternativa para promover aulas mais engajadoras é utilizar ferramentas amigáveis. Uma plataforma gratuita como o Canva, por exemplo, oferece uma variedade de recursos para elaborar infográficos, cartazes, vídeos etc. Pode ser utilizada mesmo por quem tem pouco ou nenhum conhecimento prévio sobre ela.

Outra ferramenta interessante é o Google Slides, que permite montar apresentações de slides de maneira simples e colaborativa, por meio de templates prontos e a facilidade de integração com outros serviços do Google.

Já o Powtoon é indicado para quem quer criar vídeos animados, enquanto o Kahoot! pode ser utilizado para desenvolver questionários e quizzes que os alunos respondem em tempo real.

Existem diversas outras plataformas para iniciantes, que não exigem habilidades avançadas em design. Basta compreender alguns conceitos de layout e tipografia para navegar na interface, personalizar modelos e inserir textos, imagens e outros elementos.

Um professor pode começar com conhecimentos básicos e aprender gradualmente conforme explora essas plataformas para criar conteúdo visualmente atrativo para suas aulas.

Vídeos curtos

Boa parte dos estudantes do ensino superior é da geração Z (jovens que nasceram na primeira década do século 21) e cresceu consumindo um volume muito grande de informações, especialmente nas redes sociais.

Muitos desses conteúdos são vídeos de poucos minutos — e até segundos, como no caso do TikTok. Fragmentar o processo de aprendizagem em vídeos curtos, com tópicos específicos, é uma forma de reter o interesse desses estudantes na era das redes sociais.

Vídeos interativos

Dificilmente, os jovens conseguem ficar passivos diante da tela durante muito tempo. A interatividade mantém o aluno engajado, pois exige participação ativa, como clicar em opções, responder perguntas ou escolher caminhos diferentes na narrativa. Vídeos que podem ser personalizados de acordo com as preferências e necessidades do estudante criam uma experiência mais envolvente de aprendizagem. Além disso, essas interações podem ser rastreadas e analisadas, fornecendo um feedback sobre o comportamento e preferências dos alunos.

Objetos imersivos

Os objetos imersivos utilizam tecnologias como realidade virtual (VR), realidade aumentada (AR) e simulações interativas para criar ambientes de aprendizagem envolventes e interativos. Ao proporcionar experiências educacionais que vão além do tradicional, eles permitem que os alunos interajam com o conteúdo de maneiras novas e significativas.

Infográficos

Muitas vezes, é mais fácil compreender uma informação quando ela é “traduzida” para uma linguagem mais acessível. Esse é o papel dos infográficos: combinar dados e elementos visuais para transmitir um conteúdo de forma clara e concisa. No contexto da educação a distância, eles podem melhorar significativamente a experiência de aprendizagem.

Por: Desafios da Educação