7 maneiras de ajudar as crianças a falar em público

Publicado por Sinepe/PR em

Algumas práticas teatrais ajudam a desenvolver habilidades de fala e trazer mais confiança aos alunos do ensino fundamental

Durante a aula, você pode pedir a um aluno para ler a mensagem matinal, compartilhar sobre o seu fim de semana, discutir um tema com um colega ou até mesmo praticar a leitura em voz alta. Seus dias são repletos de oportunidades para falar, o que faz sentido, já que a competência é exigida na maioria das escolas de ensino fundamental e é uma habilidade de vida que os prepara para o sucesso futuro, tanto pessoal quanto acadêmico e profissional.

No entanto, a experiência pode ser repleta de ansiedade para algumas crianças e ainda há poucas pesquisas sobre intervenções que os educadores possam usar para apoiar quem reluta em falar em público.

Com algumas ferramentas práticas da educação teatral, é possível ajudar os alunos com a comunicação. Em meu trabalho como diretor e educador, vi como as técnicas que os atores usam para se conectar com seu público também podem ser úteis para os alunos no desenvolvimento dessas habilidades e na construção de um conforto e alegria ao falar.

Preparando-se para falar

Estratégia 1 – Respire: A preparação mais importante para falar é a respiração, que, segundo pesquisas, tem uma ligação direta com nossa ansiedade e emoções. Antes de emitir um som, incentive seus alunos a se conectarem na respiração. Eu gosto de fazer isso simplesmente pedindo que coloquem uma mão no coração e a outra no estômago enquanto respiram profundamente três vezes. Você também pode experimentar qualquer técnica de respiração meditativa ou uma variação lúdica, como a respiração de fogo ou a respiração de leão.

Estratégia 2 – Reconheça e reformule o nervosismo: Observe se seu corpo está reagindo à perspectiva de falar em público. A resposta fisiológica (mãos suadas, batimento cardíaco acelerado, boca seca, etc.) é simplesmente a maneira de o nosso corpo nos preparar e nos proteger do perigo. Peça aos alunos para se sintonizarem com o que estão sentindo e, em seguida, observar se estão se sentindo ansiosos. Embora ultrapassadas, lembre-os de que essas reações são normais e foram herdadas de nossos ancestrais. Não estamos sendo perseguidos por um urso; estamos apenas compartilhando informações com nossos colegas de classe!

Inverta a narrativa sobre a ansiedade e reformule-a como uma emoção que nos ajuda a nos preparar para a tarefa. Tracy Dennis-Tiwary, professora de neurociência e autora do livro “Future Tense” (“Tempo futuro” ou “Tensão futura”, em tradução livre), diz: “A ansiedade é uma emoção vantajosa que evoluiu para nos proteger e fortalecer nossos poderes criativos e produtivos.” Quando nos sentimos ansiosos, há um pico de dopamina que visa nos proteger e nos impulsionar à ação.

Portanto, peça aos alunos para usarem um vocabulário diferente – e potencialmente positivo – ao descreverem como se sentem em relação a falar em público. Isso os ajudará a redefinir sua experiência: “Estou me sentindo nervoso e animado; assustado e preparado; ansioso e empolgado.”

Você pode fazer isso incentivando os alunos a praticarem mais palavras que expressam sentimentos – em jogos como charadas de emoções, por exemplo – ou a manifestarem fisicamente essas emoções em músicas. À medida que os alunos se tornam mais hábeis em reconhecer seus sentimentos (e as sensações que eles provocam), é mais provável que consigam controlá-los melhor quando precisarem falar em público.

Estratégia 3 – Firme seus pés: Sempre que balançamos para frente e para trás, estamos dissipando nossa energia. Peça aos alunos para imaginarem que estão colocando uma cola fictícia na sola dos pés, ou que raízes de árvores estão crescendo dali. O objetivo é: Fixe seus pés no chão. Com essa estabilidade vinda do chão para cima, suas mensagens serão mais claras.

Estratégia 4 – Aqueça seu instrumento: É fácil se atrapalhar com as palavras ou até sentir como se tivesse um sapo na garganta. Atores utilizam exercícios vocais para garantir que seus “instrumentos” estejam aquecidos antes de falar. Aqui estão algumas das minhas formas favoritas e simples de aquecimento que também podem ajudar os alunos:

  • Estique bem a boca (como se estivesse surpreso!), e depois enrugue os lábios (como se tivesse comido um limão).
  • Assopre com a boca, fazendo barulho, como se fosse um carro ou uma lancha rápida.
  • Bata no peito e nas costas (como um gorila!) enquanto vocaliza o som “huh”.
  • Pratique trava-línguas simples como “O rato roeu a roupa do rei de Roma” ou “Três pratos de trigo para três tigres tristes” (diga três vezes cada frase bem rápido!).
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Estratégia 5 – Aumente o tom da voz utilizando música como estímulo ou imitando uma voz animada: Se os alunos têm a tendência de falar muito baixo ao apresentar, às vezes eles simplesmente precisam acessar a energia vocal que usariam em outro contexto. Antes de falar, peça-lhes para fingirem que estão no parquinho tentando chamar a atenção de alguém. Alternativamente, peça-lhes (e a toda a classe) para cantar uma música como “Se você está contente (…dê um grito!)” e então que comecem a falar ou ler imediatamente. Invariavelmente, esse truque os ajudará a acessar um volume mais poderoso.

Estratégia 6 – Respire com pontuação: Kristin Linklater, treinadora vocal e professora de atuação, diz: “Se você estiver segurando a respiração de alguma forma, parte de você está ausente.” Respirar não é apenas importante enquanto nos preparamos para falar; também é essencial fazê-lo de forma eficaz enquanto falamos. Os alunos frequentemente ficam sem ar, fazendo com que o que dizem tenha menos impacto e volume. Se seus alunos do início do ensino fundamental estão lendo, você pode orientá-los a serem expressivos e não correrem com as palavras, pedindo-lhes para respirar toda vez que houver um ponto. Esse truque simples tornará o discurso mais claro, dando-lhes mais variedade vocal e conexão com o que estão dizendo.

Estratégia 7 – Brinque com diálogo, gestos e drama: Para leituras emocionantes em voz alta, transforme a narrativa em um jogo. Se o texto tiver diálogos, faça com que as crianças os repitam com chamada e resposta. Dependendo do personagem, demonstre como usar ritmo, tom ou volume para alterar o modo como a pessoa nesse papel pode soar. Essas simples mudanças técnicas tornarão sua leitura mais dinâmica também.

Da mesma forma, gestos ajudam a dar vida às ideias e personagens, e nunca é cedo demais para ensinar isso. Por exemplo: alguém comemora e cerra os punhos, movimentando o braço para cima e para baixo. Um personagem acusa alguém e aponta. Outro rejeita uma ideia e afasta a mão. Você pode transformar uma história em um jogo de movimento e isolar os gestos para mostrar quanto impacto eles podem ter.

Acima de tudo, divirta-se atuando nas partes mais emocionantes do que você lê. Assim, ajudará os alunos a apreciar a contação de histórias, compartilhar informações e explorar a literatura, já que estarão conectados com o jogo e a imaginação.

Por: Porvir