Dengue: como as escolas podem ajudar no combate e prevenção?

Publicado por Sinepe/PR em

O contágio da população pela dengue explodiu no Brasil em 2024 com mais de 1,3 milhão de casos contabilizados até dia 8 de março, quando os dados foram atualizados. Ao menos 363 pessoas morreram até o momento e há cerca de 760 óbitos em investigação.

A dengue é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada e é comum em áreas tropicais e subtropicais do mundo. Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça, dor nos músculos e articulações, além de possíveis complicações graves.

Em um cenário como esse, toda ajuda é bem-vinda, principalmente, quando falamos em educação. Portanto, as escolas têm papel fundamental no combate à dengue.

“É inegável o desafio que as instituições enfrentam ao lidar com a ameaça da dengue. A presença desse vírus em meio escolar não apenas compromete a saúde dos alunos afetados, mas também cria um ambiente propício para a disseminação da doença”, afirma Patrícia Esteves, coordenadora de Saúde Física na Coala Saúde.

De acordo com ela, o controle da dengue dentro das escolas requer não apenas ações de combate direto ao mosquito transmissor, mas também uma abordagem educativa que envolva toda a comunidade escolar.

“Professores, funcionários, alunos e pais precisam estar conscientes dos riscos e das medidas preventivas necessárias para evitar a propagação do vírus. Além disso, é essencial contar com um time especializado em saúde, capaz de oferecer suporte técnico e orientação em relação às melhores práticas de prevenção e controle da dengue”, ressalta.

Professor propõe quatro medidas para prevenir a dengue na escola

Educador desde 1995 e pedagogo do De Criança Para Criança (DCPC), José Francisco Aparecido, conhecido como Professor Chiquinho, diz que são várias as medidas pelas quais é possível prevenir os alunos e a comunidade escolar da dengue.

1 – Conscientização em sala de aula: Informações sobre a dengue e o mosquito transmissor podem ser trabalhadas em sala de aula, envolvendo os próprios alunos na mobilização para realizar campanhas de conscientização.

2 – Projetos interdisciplinares: Criação de projetos interdisciplinares com foco na problemática da dengue e possíveis soluções. Por exemplo, na disciplina de matemática, os alunos podem buscar números sobre o aumento de casos de dengue nos últimos anos e horários em que o mosquito Aedes aegypti é mais ativo. Na história, podem ser exploradas informações sobre a descoberta da doença, sua disseminação e as ações tomadas ao longo do tempo para combatê-la.

3 – Vistoria do ambiente escolar: É fundamental que a escola faça uma vistoria minuciosa das áreas utilizadas pelas crianças, especialmente as áreas externas que podem conter plantas e árvores onde o mosquito pode se reproduzir. A disponibilização de repelentes pela escola também deve ser considerada, especialmente para famílias que não têm condições de adquiri-los.

4 – Envolvimento das famílias: Os projetos de prevenção à dengue devem envolver não apenas os alunos, mas também suas famílias. A escola deve fornecer informações sobre a doença e as medidas preventivas, e os próprios alunos podem ser agentes multiplicadores dessas informações em seus lares.

FICAADICA

O projeto De Criança Para Criança oferece um acervo de desenhos em sua plataforma, que pode servir como uma ferramenta de informação e prevenção, além de ser uma ótima oportunidade para o desenvolvimento dos projetos mencionados.

Escola de Minas Gerais dá exemplo com campanha de conscientização sobre a dengue

A Escola Santo Tomás de Aquino (ESTA), em Minas Gerais, intensificou os esforços na luta contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya, zika e febre amarela.

A instituição de ensino lançou uma campanha de conscientização envolvendo alunos, educadores, famílias e comunidades próximas. Os educadores estão abordando o tema em sala de aula, de acordo com as diferentes faixas etárias.

Tiago Abdo, professor de biologia e um dos idealizadores do projeto, ressalta a importância de envolver as crianças no processo: “As crianças são esponjas super atentas a tudo. Quando ensinamos de forma lúdica como combater os focos de proliferação, elas vão sinalizar se virem algo errado.”

A campanha envolve várias atividades direcionadas aos diferentes níveis de ensino. Os alunos do ensino fundamental, por exemplo, trabalham registrando, por meio de fotos, as ações realizadas para combater a dengue.

Já os alunos do ensino médio, utilizam as redes sociais para informar e compartilhar as ações contra a dengue. Além disso, produzem marcadores de livros com informações sobre a forma de contágio, sintomas e métodos de combate ao mosquito.

Na educação infantil, as crianças exploram o tema de forma lúdica, através de brincadeiras, músicas e leitura de histórias. Também participarão da produção de um vídeo para ampliar a conscientização.

Ana Beatriz Figueiredo, coordenadora pedagógica da educação infantil e ensino fundamental 1 da ESTA, destaca a importância de trabalhar temas atuais com as crianças para ampliar a compreensão do mundo e o papel de cada um como cidadãos.

Como medida de proteção adicional, a escola também está solicitando a colaboração dos pais, enfatizando a importância do uso de repelentes no dia a dia das crianças.

Secretaria de Estado incentiva escolas a trabalharem temáticas de arboviroses

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) incentiva as mais de cinco mil escolas estaduais a abordarem temas relacionados às arboviroses, com especial atenção para a dengue. Dentre as atividades sugeridas estão:

  • Elaboração de materiais educativos, como panfletos, cartazes e folhetos informativos.
  • Realização de debates em sala de aula sobre medidas preventivas e importância da eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti.
  • Organização de campanhas de limpeza regulares dentro da escola, com foco na remoção de recipientes que acumulam água, como pneus velhos, garrafas plásticas, latas e vasos de plantas.
  • Criação de comissões responsáveis pela inspeção periódica de áreas propícias à proliferação do mosquito.

Por: Escolas Exponenciais