Racismo no Brasil – e educação antirracista

Publicado por Sinepe/PR em

Pesquisa inédita mostra que 8 em cada 10 brasileiros concordam que o Brasil é um país racista. Os demais dados divulgados pela “Percepções sobre o racismo no Brasil” são igualmente fortes: 80% entendem que pessoas negras e brancas são tratadas de forma diferente pela polícia, mais de 50% afirmam ter presenciado cena de racismo e quase 90% concordam que pessoas pretas são as mais criminalizadas. Enquanto isso, o combate ao racismo nas escolas chega ao seu menor índice dos últimos 10 anos. Para analisar os resultados da pesquisa e a inclusão da pauta nos programas educacionais, Natuza Nery conversa com Ana Paula Brandão, diretora programática da ActionAid e gestora do projeto Seta, que encomendou o estudo, e com Janine Rodrigues, escritora, educadora e fundadora da iniciativa Piraporiando. Neste episódio:

  • Ana Paula valoriza os números apresentados pela pesquisa, que revelam a “percepção da população da relação entre racismo e desigualdade”. Ela considera que houve um avanço em relação ao resultado de pesquisas anteriores, que evidenciavam a compreensão de que o racismo ocorreria somente na esfera pessoal. “O brasileiro está percebendo que o racismo estrutura o Brasil”, resume;
  • Ela avalia a educação como a principal arma para enfrentar o racismo, mas pondera ser “um caminho muito demorado”. E exemplifica com o caso da lei que obriga o ensino de história e cultura africana nas escolas, sancionada há duas décadas e que até hoje não está completamente implementada. “Essa é uma política que não pode ser de governo, precisa ser de Estado”, afirma;
  • Ana Paula discursa sobre a como o preconceito “atravessa a vida das crianças” desde o momento em que ingressam na vida escolar – e como isso se reflete em um mau desempenho de aprendizado e evasão escolar, resultando em má empregabilidade. “É muito violento e cria um círculo vicioso complexo”, conclui;
  • Janine cobra a ação do poder público para implementar leis e dedicar orçamentos a favor da igualdade racial, e também participação de agentes importantes da sociedade civil no combate à discriminação. “É importante que a abordagem ao racismo não fique apenas entre pessoas negras, mas que seja o objetivo de uma sociedade mais saudável”, afirma.

Para ouvir acesse: https://bit.ly/3R3VbXj

Por: O Assunto – G1