Dia da Consciência Negra: como celebrar a data nas escolas

Publicado por Sinepe/PR em

O Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, é uma data de extrema importância no calendário brasileiro, destinada a lembrar a luta histórica dos negros contra o racismo, a discriminação e a desigualdade.

No entanto, a celebração vai muito além de uma data comemorativa e exige um compromisso contínuo com a educação antirracista e a valorização da diversidade. Ana Cristina Gazotto, pedagoga experiente em educação infantil e fundamental e coordenadora pedagógica da Emeb Professora Regina Maria Tucci de Campos, em Mogi Mirim, compartilha sua perspectiva sobre como abordar o Dia da Consciência Negra nas escolas.

Ana Cristina enfatiza que o Dia da Consciência Negra não deve ser apenas um tópico discutido no mês de novembro, mas sim um assunto incorporado ao cotidiano escolar. Ela acredita que todos os professores, não apenas os de História, devem abordar questões relacionadas ao racismo e à igualdade de maneira regular.

“Uma abordagem para alunos menores envolve a utilização de brincadeiras e literatura que destaquem autores negros, personagens negros e temas como a escravidão e o racismo. Isso não apenas ajuda a educar as crianças sobre a importância da igualdade, mas também a promover a representatividade na literatura”, sugere.

Para alunos mais velhos, Ana Cristina sugere a promoção de rodas de conversas, utilizando música, podcasts, reportagens e vídeos como pontos de partida. Ela enfatiza a importância de destacar figuras negras significativas na história do Brasil e do mundo.

Livros de literatura x podcast para o Dia da Consciência Negra

Ana Cristina conta que na escola em que atua como coordenadora pedagógica, uma professora organizou uma sequência didática na qual leu diversos livros de literatura para seus alunos. Cada criança escolheu o livro favorito e escreveu uma recomendação literária.

Para que essa experiência pudesse ser compartilhada com as famílias, a professora gravou as recomendações no formato de podcast e as disponibilizou no Spotify. Alguns dos livros incluíram “Meu Crespo é de Rainha”, “O Marimbondo do Quilombo”, “Amoras”, entre outros.

Ana Cristina também destaca a importância de envolver os professores no movimento de conscientização. Em reuniões de HTPC (Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo), ela apresentou o gênero literário Slam e autoras como Carolina de Jesus, com o livro “Quarto de Despejo”, e Djamila Ribeiro, com o livro “Cartas para Minha Vó”.

“Através dessas discussões, os professores puderam refletir sobre o progresso já alcançado, mas também reconhecer que ainda há muito a ser feito. Temas como padrões de beleza e representatividade foram abordados, reforçando o significado de ter consciência negra”.

Para a coordenadora pedagógica, o grande desafio das escolas é promover uma educação antirracista, combater o preconceito e valorizar a diversidade. “O Dia da Consciência Negra é uma oportunidade valiosa para iniciar esse diálogo e estabelecer uma base sólida para a conscientização contínua sobre questões raciais em nossa sociedade”, acredita.

Colégio Physics Macapá celebra data com programação educacional

A programação educacional do Colégio Physics Macapá para o mês de novembro, em celebração ao Dia da Consciência Negra, promete ser um evento envolvente e educativo.

A iniciativa terá início nas salas de aula, onde os professores das disciplinas de Redação e Filosofia irão abordar a temática de maneira diversificada. Isso incluirá debates, pesquisas para apresentação de trabalhos, exploração de música, dança, poesia e a produção de textos abordando as várias formas de racismo, uma herança histórica profundamente enraizada em nossa sociedade.

O ponto alto da programação será uma palestra proferida por representantes da União dos Negros do Amapá (UNA), seguida por uma apresentação de dança afro-brasileira conhecida como batuque Marabaixo.

De acordo com Ana Claudia do Nascimento Mclain, diretora pedagógica do Colégio Physics Macapá e membro da Inspira Rede de Educadores, esses projetos educacionais não são apenas enriquecedores para os alunos, mas também para toda a comunidade escolar.

“Eles promovem o envolvimento, o aprendizado, o respeito às diferenças e a valorização da identidade de cada indivíduo. É bem compreendido que o que aconteceu durante o período da escravidão desempenhou um papel fundamental na formação social, política e econômica do Brasil. Portanto, a escola e seus educadores têm uma responsabilidade significativa em contribuir para a construção de um futuro baseado em igualdade e respeito para todos”, afirma.

Colégio São Paulo promove conscientização sobre a cultura africana

O Colégio São Paulo, localizado em Salvador (BA), abraça a temática de maneira interdisciplinar por meio do Projeto ECOS – Contação de Histórias Africanas. A iniciativa envolve as disciplinas de Geografia, História, Artes, Redação e Língua Portuguesa.

O ECOS busca estimular a reflexão, o respeito à diversidade e a conscientização sobre a cultura afro-brasileira, aspectos importantes na contemporaneidade.

Através da contação de histórias e da releitura de diversas linguagens artísticas e literárias, os alunos desenvolvem uma perspectiva positiva em relação ao povo negro, promovendo interação, criatividade e aprendizado significativo.

O projeto começa com um aulão de abertura, ministrado pelos professores das disciplinas envolvidas, que sensibiliza os estudantes para refletirem sobre a conexão entre o continente africano, o Brasil e os conteúdos acadêmicos.

Ao longo de seis meses, os alunos realizam pesquisas sobre países africanos, utilizando a divisão política atual do continente como base. Essas pesquisas servem de fundamento para a criação de histórias e a confecção de painéis que retratam a realidade contemporânea de um país africano.

Posteriormente, uma análise histórica mais aprofundada é feita para ressignificar a ideia de extrema pobreza em algumas regiões. Os estudantes exploram os reinos africanos e os momentos de apogeu dessas sociedades.

Inspirados por suas descobertas, os alunos criam personagens, desenham croquis e elaboram histórias, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais dos reinos pesquisados.

Para culminar o projeto, eles recebem crianças de uma escola pública de Salvador, apresentam os personagens em forma de bonecos e promovem uma tarde de contação de histórias cheia de alegria, respeito e solidariedade.

Por: Escolas Exponenciais