Fluência leitora: como planejar boas atividades para todos

Publicado por Sinepe/PR em

Confira nove sugestões para incluir na rotina e permitir que os alunos do ciclo de alfabetização avancem nas habilidades de leitura

Todos sabemos da importância da leitura em nossas vidas. É com ela que descobrimos o mundo, conhecemos diferentes culturas, nos informamos e nos formamos. Saber ler e compreender o que está escrito é fundamental também para que cada estudante possa aprender. Por isso, atividades de leitura precisam fazer parte da rotina de todo professor, desde a Educação Infantil.

E a fluência leitora, o que é mesmo?

Há um tempo fluência leitora era sinônimo de ler com rapidez. Atualmente, os estudos mostram (embora também não haja unanimidade) que um leitor fluente é aquele que não só decifra o texto, “deslizando” por ele – lendo com rapidez e entonação – mas também que lhe atribui sentido, ou seja, compreende o que está escrito e faz as conexões.

O uso das estratégias de leitura, de acordo com Ângela Kleiman (pesquisadora da área), permite também que o leitor se torne fluente. Ou seja, conhecer o contexto de produção do texto (quem escreve, para quê, quando), selecionar pistas interpretativas, levantar e checar hipóteses sobre o que vai acontecer, ajudam a desenvolver a compreensão do texto. Isto tudo precisa ser ensinado para nossos alunos.

Mas como fazer?

Um bom começo é analisar, com a equipe escolar, os resultados de fluência leitora da sua escola em avaliações externas. Isso permitirá um maior entendimento do que cada um já sabe da relação grafema/fonema e a compreensão dos textos lidos, contribuindo para se pensar em estratégias visando o avanço de toda a turma na proficiência da leitura.

Também é possível refletir como está o processo da leitura, fluência e compreensão dos alunos mesmo em escolas que não tenham participado de avaliações externas.

Trata-se de uma iniciativa que requer uma ação conjunta de toda a equipe para mapear e analisar o que está sendo realizado nas diferentes turmas. É este movimento que estamos fazendo em nossa escola, lançando um olhar mais pontual para o trabalho com leitura, envolvendo todas as turmas desde o 1º ano.

Os resultados das avaliações de fluência apontam para três perfis de leitores: o pré-leitor (aquele que está em processo inicial de alfabetização), o leitor iniciante (aquele que precisa de maior fluência no que se refere à rapidez da leitura) e o leitor fluente (o que lê com desenvoltura). Provavelmente, em sua turma, você irá encontrar os três perfis de leitores, por isso é necessário planejar boas propostas promovendo o avanço de todos. Um grande desafio!

Como planejar boas atividades para todos

Selecionei algumas sugestões de atividades que sempre estiveram presentes em minhas turmas de alfabetização e que deram bons resultados:

  1. Leitura oral feita pelo professor: destacar na rotina um momento no qual você se coloca como modelo de leitor proficiente ao ler textos de qualidade para a sua turma. Para isso, planeje o uso de estratégias de leitura, como, por exemplo, a exploração da capa e contracapa do livro, do autor, do título e do gênero, informações que permitem ao estudante formular hipóteses sobre o que irá acontecer no desenrolar do enredo e produzir sentido.
  2. Cantinho de leitura: disponibilizar, na sala, um espaço contendo livros de literatura de diferentes gêneros, gibis, revistas com curiosidades científicas, dentre outros; eles poderão ser acessados quando o estudante finalizar uma atividade ou também escolhidos como empréstimo para casa.
  3. Roda de leitura: ocorre durante o processo de empréstimo e devolução do livro. No momento de emprestar, alguns alunos explicam o porquê da escolha e, na devolução, contam o que acharam do livro lido. Esses dias, observando o momento da roda de leitura da professora do terceiro ano daqui da escola, vi que ela propôs o pequeno roteiro abaixo para ajudar os alunos na apreciação.
  4. Varal literário: montar um varal na sala e pendurar textos variados de um único gênero (aquele que a turma está estudando, por exemplo) ou mesmo diversificados (receitas, poemas, informativos, notícias, quadrinhos etc.) para que os alunos possam, em determinados momentos – como quando terminam uma lição –, lê-los pelo prazer de ler.
  5. Leitura significativa: aproveitar todos os momentos nos quais a leitura esteja envolvida para que a turma possa ler por si mesma. Exemplos: a leitura do planejamento do dia (alguns chamam de rotina), de regras de jogos e brincadeiras, de comentários que você coloca nos cadernos, de bilhetes ou de produção de pequenos textos, como os enunciados de atividades. Muitas vezes, pensando em facilitar, nós mesmos fazemos a leitura nesses momentos. O ideal, porém, é deixar a turma ler.
  6. Leitura feita pelo aluno: é importante ensinar ao estudante como ler com prosódia. Nesse vídeo do Tempo de Aprender, você irá encontrar uma boa estratégia para se inspirar e levar para a sua turma. É importante ressaltar que a leitura feita pelo aluno precisa estar sempre presente na rotina.
  7. A hora da leitura em voz alta feita pelo aluno: trazer textos conforme os diferentes perfis de leitores para serem escolhidos pelos estudantes. Cada um, após a escolha, levará um texto para casa para estudar, ou seja, treinar a leitura, lendo-o muitas vezes em voz alta para, depois, ler para a turma toda. Uma amiga usa um microfone e uma caixa de som para esse momento. As crianças adoram fazer a leitura. Vale ressaltar que, para os pré-leitores e leitores iniciantes, é possível trazer quadrinhas, poemas, parlendas, trava línguas e adivinhas; enquanto que, para o fluente, textos mais elaborados como os de curiosidade científica.
  8. Gravação da leitura em voz alta feita pelo aluno: montar um padlet com as gravações dos estudantes para compartilhar com as outras turmas e com as famílias. Escolha, por exemplo, um gênero que está trabalhando (o poema) e traga diferentes opções para serem escolhidas pela turma. Cada um irá levar o seu para casa, para ler várias vezes e, depois, gravar a leitura do texto. Isto pode acontecer na sala ou pode ser gravado e enviado por WhatsApp. Ao gravar e ouvir a própria leitura, o aluno vai poder avaliar como ela está e o que pode ser melhorado. É uma maneira de dar ainda mais significado ao momento da leitura.
  9. Projetos envolvendo a leitura: pensar em projetos nos quais a leitura em voz alta feita pelos alunos esteja envolvida e seja o próprio produto final. A proposta da professora Karin Groner é uma boa fonte de inspiração. Ela utiliza a gravação da leitura de textos dramáticos pela turma a fim de promover a fluência e a compreensão leitora.

Essas são algumas sugestões para você refletir como tem colocado em prática em sua rotina e como vem acompanhando o desenvolvimento da habilidade de leitura de seus alunos, algo tão fundamental quanto o saber escrever. Fica o convite!

Por: Nova Escola