Como ajudar os alunos a alcançar uma mentalidade universitária

Publicado por Sinepe/PR em

Para muitos jovens a entrada na universidade é a concretização de um sonho. No entanto, esse momento de transição pode vir acompanhado de diversas dificuldades de adaptação.

O estabelecimento de uma mentalidade universitária é o ponto de partida para o estudante enfrentar os rigores do ensino superior, maximizar seu potencial acadêmico e alcançar sucesso em sua jornada universitária.

Segundo o estudo “Motivação, sucesso e transição para o ensino superior” das professoras e doutoras em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Ângela Sá Azevedo e Luísa Faria, a transição escolar pode ser indutora de stresse e tensão.

A experiência de ingressar numa faculdade exige, por parte dos estudantes, a adoção de estratégias de trabalho e organização diferentes daquelas que os alunos do ensino médio exercem no seu dia a dia.

As dificuldades de adaptação podem surgir como barreiras ao aprendizado, impedindo que o estudante se integre e aproveite plenamente a formação.

Dificuldades de adaptação
Os psicólogos portugueses Leandro Almeida, Ana Paula Soares e Joaquim Ferreira destacam, no artigo “Transição e adaptação à Universidade: Apresentação do Questionário de Vivências Académicas”, três variáveis principais que interferem no processo de adaptação do estudante:

Pessoal
Refere-se às características pessoais do aluno que podem afetar sua transição para a universidade. Inclui elementos como personalidade, autoestima, autoconfiança e habilidades sociais e emocionais. Esses aspectos são importantes para entender as diferenças individuais na adaptação universitária.

Acadêmica
Essa variável está relacionada ao ambiente acadêmico e às exigências de estudo. Envolve a complexidade das disciplinas, a organização do currículo, as metodologias de ensino e os padrões acadêmicos da universidade. Esses fatores podem influenciar a percepção do estudante em relação à dificuldade do curso e sua motivação para o estudo.

Contextual
Aborda os fatores externos que podem impactar a permanência dos alunos no ensino superior, como a qualidade dos recursos disponíveis, as oportunidades de participação em atividades extracurriculares e a infraestrutura física da universidade.

O aluno pode ter, por exemplo, uma boa adequação à estrutura física da instituição, mas caso não consiga integrar-se socialmente ele terá sua adaptação afetada.

Vale lembrar que o ambiente acadêmico vai além de um espaço de profissionalização, por envolver todo um contexto de desenvolvimento psicossocial. A universidade é um meio no qual o indivíduo consegue afirmar sua identidade, desenvolver habilidades interpessoais e expandir o conhecimento sobre si mesmo.

O papel da universidade
Um estudo conduzido pelas professoras Simone Mello e Elaine dos Santos para a Revista Gestão Universitária na América Latina – GUAL revelou algumas justificativas que aparecem com frequência nos relatos de estudantes que abandonaram o ensino superior.

Entre elas, estão:

  1. Falta de informação adequada sobre o curso escolhido;
  2. Dificuldade em acompanhar as aulas devido a uma educação precária no ensino médio;
  3. Problemas relacionados à didática dos docentes;
  4. Tensões na relação entre aluno e professor;
  5. Despreparo para lidar com a diferença entre o ensino médio e a universidade.
  6. Nesse contexto, as instituições devem auxiliar os alunos durante a fase de transição para o ensino superior, oferecendo orientações claras sobre as expectativas da vida universitária para os novos ingressantes.

Isso inclui ressaltar a importância da frequência às aulas, orientar sobre a organização do tempo de estudo e estimular o desenvolvimento de habilidades de pesquisa e escrita.

Além disso, é fundamental incentivar o pensamento crítico, a curiosidade intelectual e a busca constante por conhecimento. Ao estabelecer esses alicerces, os alunos estarão mais preparados para enfrentar os desafios do ambiente universitário.

Mentalidade de crescimento
Um dos fenômenos mais influentes na educação nas últimas duas décadas foi o da mentalidade de crescimento, ou growth mindset. Trata-se do conjunto de atitudes mentais que um aluno tem sobre suas várias capacidades, como a inteligência, as habilidades, a personalidade e a criatividade. Uma mentalidade universitária também implica abraçar uma mentalidade de crescimento.

É importante enfatizar para os discentes que o aprendizado não é um destino final, mas sim um processo contínuo de desenvolvimento. Ao promover uma mentalidade de crescimento, os alunos se tornam mais resilientes, adaptáveis e dispostos a buscar constantemente o aprimoramento pessoal e acadêmico.

Por: Desafios da Educação