O Enem está chegando: como evitar que a pressão por resultados desestabilize o candidato e afete seu desempenho

Publicado por Sinepe/PR em

Aliada ao nervosismo para a realização das provas, ainda há a pressão por resultados e pela escolha da profissão

Só quem está prestes a fazer vestibular e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, ainda, a escolher a profissão, sabe o quanto é difícil. Somadas a esse desafio, ainda há as mudanças próprias da idade em que a maioria dos jovens se encontra, que afetam os hormônios e trazem fortes emoções, até mesmo conflitantes. Todo esse ‘combo’ pode afetar a estabilidade emocional do candidato e atrapalhar o seu desempenho.

A professora do curso de Psicologia da FAE Centro Universitário, Jocimara Chiarello Rocha – que também trabalha com orientação vocacional no Ensino Médio – e o professor do Ensino Médio do Colégio Bom Jesus, Antônio Marangon, dão algumas orientações e recomendações a quem está nessa fase para amenizar a pressão por bons resultados.

Nos dias que antecedem as provas, a psicóloga Jocimara aconselha que os estudantes não parem de praticar atividades físicas, se alimentem de forma saudável e equilibrada, bebam muita água, mantenham o lazer, o relaxamento, e atentem para a qualidade do sono. “Não estar bem fisicamente com certeza afetará o desempenho na prova”, garante. De acordo com a professora, um dia antes da prova o descanso é fundamental. “Exagerar nos estudos na véspera não é recomendável, pois o Enem traz questões que exigem rapidez no raciocínio. Se a pessoa estiver cansada, não terá essa rapidez”, diz. O professor Marangon afirma que as atividades físicas e de lazer, aliadas à meditação e outras formas de relaxamento, são essenciais, pois isso tira um pouco a ‘pilha’ da ocasião e das responsabilidades. “E, quando retomamos, fazemos isso com mais serenidade, o que nos leva a realizar tudo de uma maneira melhor”, orienta.

Além de a emoção estar à flor da pele, há ainda os preparativos para os dias de prova. “Nada de correria! O estresse que a sensação de ‘estar esquecendo algo’ traz é desestabilizador e pode afetar o desempenho no exame”, alerta Jocimara. Visitar o local de prova antecipadamente a fim de verificar o tempo para chegar até lá, bem como fazer um check list dos itens que devem ser levados são ações quase obrigatórias antes da prova. Ler o edital também é importante, pois nele constam todas as orientações necessárias. “Evitar ações desestabilizadoras, sobretudo no dia prova, é primordial”, aconselha a professora.

Projeto de Vida
As pressões por resultados podem vir da sociedade de um modo geral, mas também do próprio candidato, que se vê na obrigação de conquistar uma vaga na universidade.

“Até porque o jovem está saindo de um período com atividades mais programadas para entrar em uma fase de mudanças extremas, de escolhas importantes, sobretudo sobre qual caminho seguir”, ressalta a professora Jocimara. Por isso, explica ela, é tão importante que ele seja orientado para que aprimore o autoconhecimento. “O jovem precisa ser orientado a pensar no seu projeto de vida, tão importante nessa fase. A questionar-se: o que quero fazer daqui a dez anos?”, diz a professora.

O professor Marangon lembra que o vestibular e o Enem compõem, na prática, os primeiros momentos na vida em que uma pessoa é exposta a um tipo de avaliação um pouco mais desafiador. Assim, é natural que os pais e professores criem uma expectativa quanto aos resultados. “Inevitavelmente os estudantes percebem isso e sabem que necessitam dar uma resposta positiva. À medida que os exames se aproximam, a tensão e expectativa acontecem não só para ser aprovado e entrar na universidade, mas para mostrar aos pais que os estudos foram realizados corretamente”, ressalta.

A professora Jocimara afirma que entrar na universidade e construir uma trajetória acadêmica é um projeto e que, portanto, há a possibilidade de esse plano não ser realizado de imediato – e isso também deve fazer parte da reflexão de estudantes e de suas famílias e professores. “Alguns estudantes querem passar em cursos concorridos e às vezes nem tentam a vaga por insegurança. Por isso é importante pensar nesse período como um projeto; um projeto que muitas vezes não vai acontecer no primeiro ano de tentativa”, alerta Jocimara. A sociedade impõe, de certa forma, que ao terminar o Ensino Médio o estudante precisa entrar na faculdade imediatamente. Porém, segundo a professora, não se deve levar isso tão ‘a ferro e fogo’. “Às vezes a aprovação pode demorar um pouco mais, é preciso respeitar o tempo de cada um”, alerta.

O professor Marangon orienta que os alunos pensem que essa é uma fase natural da vida, e que é muito positiva. “Vamos chamar essa pressão saudável de responsabilidade, e isso sim é bom”, comenta.

Quando ligar o alerta: a pressão pode fazer mal?
Emoções de um modo geral (medo, expectativa, ansiedade) podem trazer um teor protetivo – no sentido de impulsionar a ação das pessoas. No entanto, elas podem se tornar um problema. “Começa a preocupar quando essas emoções e pressões paralisam o indivíduo, pois dessa forma a pessoa não vai conseguir desenvolver suas atividades principais do dia a dia, nem as prazerosas”, alerta Jocimara. Quando o adolescente começa a ter notas baixas, deixa de se interessar pelos estudos, de sair com os amigos e praticar esportes, pode-se ligar o sinal de alerta para uma possível ajuda psicológica. “É importante que pais, professores, enfim, as pessoas que estão no entorno desse jovem entendam que quando aparecem esses sinais é porque essas emoções dificilmente vão passar se não houver ajuda”, explica.

Perda do sono, mudança no apetite, desconexão com as aulas e a própria autossabotagem – quando o estudante começa a visualizar que naquele ano não vai dar mais para atingir seus resultados ou quando pensa em escolher um curso em que seja mais fácil de ser aprovado – também são motivos de alerta, segundo o professor Marangon. “A autoconfiança é a chave para muitas situações na vida. No entanto, mais do que confiar em si mesmo, o candidato precisa se imaginar no futuro, vislumbrar que ser humano pretende ser e entender que aquela imagem de sucesso passa pelo adolescente que hoje está atrás dos livros”, diz o professor.

Por: Grupo Educacional Bom Jesus