Folha lança online ‘Desconectados’, documentário sobre educação na pandemia

Publicado por Sinepe/PR em

Lançamento ocorre nesta quinta (29) após série de pré-estreias em cinemas de SP, Brasília, Salvador, Rio e BH

O documentário retrata o percurso entre o fechamento e o retorno à escola, investigando a realidade imposta pela pandemia de desconexão com amigos, com o aprendizado e com o próprio ambiente escolar. Na tela, as adversidades enfrentadas por crianças e adolescentes, a persistência e esperança de pais e educadores, a ansiedade com o Enem, o drama do abandono e as consequências emocionais do período.

“Desconectados” foi gravado em Brasília. Acompanha estudantes, professores e diretoras das escolas públicas Queima Lençol e Sonhém de Cima, na zona rural de Sobradinho, do Centro Educacional São Francisco (Chicão), em São Sebastião, e do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, no plano piloto. Os educadores Gina Viera Ponte e João Marcelo Borges também colaboram com a narrativa.

A professora da UFBA Rubenilda Sodré dos Santos participou de debate em Salvador, ao lado dos docentes Rodrigo Pereira e Nelson Pretto. Segundo ela, o filme alcança “um tom provocador” sobre várias facetas dos desafios educacionais intensificados na pandemia, como as desigualdades de renda, de raça e regionais, assim como consegue espelhar o protagonismo das mulheres.

“Temos estudos e estatísticas sobre esses impactos, mas o filme tem muita import’ncia porque, com sensibilidade, dá corpo e dá voz a esses sujeitos e a esses números”, diz ela, que também ressalta o potencial do filme como ferramenta do trabalho entre professores. “É um registro fiel de uma realidade muito complexa que vivemos, mas há também espaço para refletir o futuro e esperança, obviamente sem se desvincular da realidade.”

Para a professora da UnB (Universidade de Brasília) Catarina de Almeida Santos, a produção consegue expor o que foi a educação na pandemia e a dura realidade vivida por alunos e educadores.

“O filme desnuda as condições intensificadas com a pandemia sem deixar de abordar o compromisso que os sujeitos implicados têm com a questão da educação. Além disso, não deixa de trazer a beleza do que é lutar pelos direitos”, diz ela, que assistiu à pré-estreia em Brasília.

A procuradora Élida Graziane Pinto, do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, esteve presente em sessão ocorrida em São Paulo, na programação do Clube do Professor. Ela avalia que, ao retratar o drama de diferentes famílias, o trabalho estimula o espectador a enxergar o outro lado da moeda dessa relação.

“Diante da colossal perda pedagógica para os estudantes ‘desconectados’ durante a pandemia, temos de responsabilizar os gestores omissos”, diz ela. “Quem causou o dano precisa ser chamado a prestar contas diante da sociedade, nas eleições deste domingo, e também na compensação dos recursos que deixaram de ser aplicados durante a pandemia.”

Os resultados da última avaliação federal, de 2021, mostraram que houve queda de aprendizado em todos os anos testados da educação básica. O quadro mais preocupante é dos alunos em fase de alfabetização.

Para a diretora-executiva do Instituto República, Helena Wajnman Lima, há um longo caminho a ser percorrido nessa retomada, mas a recuperação não pode ser entendida como um desafio intransponível.

“Se a gente partir do pressuposto de que essa é uma geração perdida, aí que vira aquela profecia autorrealizável. Acho que definitivamente não é esse o caso”, disse Helena, no debate do qual fez parte no último dia 17, após exibição em São Paulo.

Pré-estreia de ‘Desconectados’, no Espaço Itaú de Cinema, em SP, em 22 de agosto. Com os diretores Pedro Ladeira, Paulo Saldaña e Ana Graziela Aguiar. – Mathilde Missioneiro/Folhapress

Este é o segundo longa-metragem produzido pela Folha. Em 2014, o jornal lançou “Junho – O Mês que Abalou o Brasil”, dirigido por João Wainer, sobre as manifestações que tomaram o país no ano anterior.

“O novo filme é mais um exemplo da relev’ncia do jornalismo praticado pela Folha, que estava atenta aos impactos da pandemia nos estudantes e professores, acompanhou as histórias de perto e agora promove uma discussão sobre os efeitos no presente e no futuro da educação no país,” disse o diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila.

Por: Folha de S.Paulo