Professor aposta no teatro para refletir sobre papel das mulheres na ciência

Publicado por Sinepe/PR em

Monólogos, produzidos e gravados por alunos do ensino médio, aconteceram de forma remota e trouxeram reflexão sobre gênero e produção artística em escola de Palmeira dos Índios (AL)*

Vocês sabem quem foi Nise da Silveira? E Marie Curie? Quais foram as contribuições dessas mulheres para a ciência? Buscando responder a essas e outras perguntas, realizamos o “Projeto Esquetes Teatrais: Mulheres na Ciência”, na Escola Estadual Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios (AL).

Sabemos que, na prática do ensino de arte, a perspectiva precisa ter um contexto sensível e crítico, vivenciando espaços para criações e produções espontâneas – promovendo a criatividade dos estudantes.

Foi assim que iniciamos os estudos sobre mulheres na ciência, temática fundamental principalmente no diálogo com as meninas que podem continuar esse processo na escola e depois dela. A escola deve ser esse espaço de diálogo e é necessário o combate à discriminação de gênero na ciência.

O projeto foi realizado em uma turma de eletiva de arte (contínua) de teatro, com alunos das três séries do ensino médio. Tivemos 41 encontros durante o ano de 2020, sendo cinco presenciais, antes da pandemia e 36 no formato remoto. Nos momentos presenciais, o espaço utilizado foi a sala de “Linguagens e suas Tecnologias”, onde realizamos uma compreensão inicial da proposta e foram feitos os primeiros exercícios e jogos teatrais.

Seguimos a metodologia teatral de Augusto Boal em três etapas: a primeira, conhecimento do corpo (sequência de exercícios em que se começa a conhecer o próprio corpo); a segunda, tornar o corpo expressivo (sequência de jogos em que cada pessoa começa a se expressar unicamente através do corpo) e, por último, o teatro como linguagem.

Nessa fase final, começamos a praticar o teatro como linguagem viva e presente. A proposta contemplou estudar e apresentar a vida e contribuições das mulheres na ciência, sendo Marie Curie, Nise da Silveira, Márcia Barbosa, Ada Lovelace e Katherine Johnson as cientistas escolhidas.

A proposta surgiu a partir da necessidade de vivenciarmos uma ampla relação entre arte e ciência na escola de ensino médio, priorizando o campo artístico no processo de ensino e aprendizagem.

O teatro pode dinamizar de forma a facilitar, aproximar e a consolidar os conceitos científicos, tendo a arte em sua amplitude ou buscando apoio de forma interdisciplinar. São cruciais as ações interdisciplinares no contexto escola, com a prática contínua e que possa estabelecer não só uma ampliação no formato de ensino, principalmente outras possibilidades capazes de tornar viável a aprendizagem dos alunos que participaram de todo o processo: organização da pesquisa, diálogo, escrita do texto, leitura, ensaio, gravação, divulgação, avaliação e autoavaliação.

O processo de estudo, diálogo, argumentação e prática do trabalho aconteceu de forma remota devido à pandemia. Foram formados cinco grupos de alunos e cada equipe ficou responsável por produzir um monólogo, com base na etapa anterior, contextualizando os seguintes elementos: texto teatral; figurino; cenário; maquiagem e gravação e edição.

Compreendo que é necessário reconhecer o papel da mulher e acreditar na ciência por meio de aprendizagens significativas. A escrita do roteiro, a gravação e edição de vídeo – e o fato do processo de argumentação para defender as histórias das personagens – foram elementos bastante importantes no processo. Também destaco a compreensão da família, no sentido de entender que a gravação era importante no contexto do home office, e alguns responsáveis, inclusive, participaram do processo de montagem. Viva a Arte na Escola! Viva às meninas e mulheres na ciência!

Por: Porvir