Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: investimento precisa passar por Educação Básica

Publicado por Sinepe/PR em

Embora grandes nomes da Ciência mundial sejam importantes, meninas se inspiram principalmente em exemplos próximos de mulheres cientistas

Uma quer cursar Astrofísica e a outra, influenciada por dois anos de pandemia, encaminha-se para a Biomedicina ou Biotecnologia. Com 18 e 15 anos, respectivamente, as irmãs Beatriz e Luiza Quadros Schmitt são o retrato de uma legião de meninas ansiosas por ocupar assentos cada vez mais relevantes em carreiras relacionadas à Ciência, seja no Brasil, seja no exterior. Uma missão complexa e com muitos desafios, segundo sugerem os números. De acordo com um artigo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2020, as mulheres são apenas 14% da Academia Brasileira de Ciências.

Muito da vontade de se tornar cientista vem, é claro, dos grandes nomes femininos alçados ao cenário mundial, como a física Marie Curie, primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel e primeira pessoa a ganhá-lo duas vezes. Mas o enorme impacto causado em crianças e adolescentes por mulheres próximas a elas não pode ser ignorado. No caso de Luiza e Beatriz não é diferente. Embora ambas se lembrem de Curie como uma inspiração, muito mais influência parecem ter as professoras com quem elas têm contato no dia a dia, no Colégio Salvatoriano Nossa Senhora de Fátima, em Florianópolis. “Minha professora de química, Josiane Liz, me inspira muito e me fez amar a área ainda mais. Também é muito importante, para mim, ver a convivência entre ela e os colegas de trabalho, sempre com respeito e sendo vista da mesma forma”, relata Luiza.

A ciência da equidade
Conquistar esses espaços não é exatamente uma novidade, mas uma retomada. Afinal, de acordo com as autoras do artigo “As relações de gênero na história das ciências: a participação feminina no processo científico e tecnológico”, Nadia Kovaleski, Cíntia Tortato e Marília de Carvalho, mulheres participam da Ciência pelo menos desde o Antigo Egito. Mesmo assim, o caminho de volta pode ser tortuoso. Para Beatriz, a história mostra que ser uma mulher em áreas predominantemente masculinas intimida. “É comum ouvir as diversas histórias de mulheres que tiveram os créditos por suas descobertas roubados por homens”, lembra.

Ver outras mulheres em posições de destaque inspira e traz coragem, mas é preciso mostrar às meninas que a ciência é um sonho que está ao alcance das mãos. A assessora de Biologia do Sistema Positivo de Ensino, Samantha Fechio, chama a atenção para essa necessidade. “Precisamos colocar meninas em situações em que possam vivenciar o método científico, conhecer diferentes possibilidades da Ciência. Também é fundamental apontar o quanto as características dessas meninas favorecem e são importantes para diferentes áreas do conhecimento, inclusive a Ciência”, diz.

Esse é um apelo que encontra eco na mente de jovens como Luiza. “É ótimo saber que é possível ir longe na Ciência, apesar de ser um meio dominado pelos homens, mas espero que no futuro não seja mais um destaque tão grande ser uma mulher cientista. Se conquistarmos nosso espaço na área, nossa presença deixará de ser exceção e passará a ser totalmente normal”, pondera. Somente assim, afirma a estudante, será possível alcançar a tão sonhada equidade de gênero.

Vivência é indispensável para aumentar o interesse por Ciência
Mais que incentivos, há uma forte influência das vivências para que meninas e mulheres se interessem pela Ciência. E o exemplo mais recente dessa afirmação vem da pandemia de covid-19. Segundo o Índice Anual do Estado da Ciência, levantamento realizado pela 3M em 17 países, o número de brasileiros que diziam confiar na Ciência depois do primeiro ano de pandemia cresceu de 87% para 91%. A constatação do estudo se confirma nas histórias cotidianas. Luiza decidiu cursar Biomedicina ou Biotecnologia por causa da pandemia. “A gente tende a valorizar as profissões e reconhecer sua importância só quando aparece uma necessidade. Minha vontade sempre foi fazer a diferença no mundo, então a pandemia me mostrou que essas profissões são ótimas opções para isso”, conta

Essa é a importância das experiências pessoais para que as meninas de hoje se tornem as cientistas de amanhã: a importância de alimentar um ciclo. “Ver mulheres de sucesso na Ciência me dá a coragem de que preciso para correr atrás dos meus objetivos e um dia, quem sabe, também influenciar outras meninas a fazerem o mesmo”, finaliza Beatriz.

Por: Sistema de Ensino Positivo