Carreiras técnicas podem ajudar retomada econômica na América Latina, diz Banco Mundial
Os programas de ensino superior de ciclo curto, como as carreiras técnicas, podem ser bastante eficazes para promover geração de emprego e recuperação econômica na América Latina, uma das regiões que mais sofre com a pandemia, assinalou nesta quarta-feira (29) o Banco Mundial.
Os cursos técnicos, que geralmente têm dois ou três anos de duração e são orientados ao mercado de trabalho, oferecem oportunidades relativamente rápidas e bem-remuneradas.
Por isso, podem contribuir para gerar o capital humano necessário para superar a crise econômica sem precedentes provocada pela pandemia de covid-19, afirmou a instituição financeira internacional sediada em Washington.
“Os países da região devem promover o potencial transformador das carreiras técnicas”, opinou Carlos Felipe Jaramillo, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.
Isso se torna especialmente urgente diante da necessidade de inserção laboral de milhões de pessoas que foram empurradas para a pobreza pela pandemia, assinalou Jaramillo, ao apresentar o relatório “O caminho rápido para novas competências: programas curtos de ensino superior na América Latina e no Caribe”, que destaca as vantagens deste tipo de formação.
Segundo o documento, os graduados em programas técnicos ganham, em média, na região, até 60% mais que os formados no ensino médio sem nenhuma educação superior. Além disso, sua remuneração, também em uma média regional, é 25% maior do que das pessoas que abandonam a carreira universitária.
Além disso, essas profissões registram menores taxas de desemprego e de informalidade.
Apesar desses benefícios, a proporção de estudantes de ensino superior matriculados em carreiras técnicas é de 9%, em média, na América Latina e no Caribe, muito mais baixa que em outras regiões do mundo (34% na Ásia Oriental e no Pacífico, 30% na América do Norte, 21% na África Subsaariana, 18% na Europa e na Ásia Central).
– Foco no setor produtivo –
Em entrevista à AFP, María Marta Ferreyra, economista sênior do Banco Mundial e uma das autoras do relatório, opinou que os países da região devem implementar políticas para favorecer o crescimento dos cursos técnicos e uma melhoria na qualidade de seus programas.
“As carreiras técnicas deveriam manter o foco em reproduzir as competências necessárias para o setor produtivo”, enfatizou.
“Nosso estudo mostra que os programas mais bem-sucedidos em termos de emprego para seus graduados são aqueles que possuem maior interação com o setor privado”, acrescentou.
Além disso, Ferreyra assinalou que a região produz poucos graduados em áreas como computação, tecnologia, e administração, não só em comparação com os Estados Unidos, mas também com relação a países do Leste asiático, do Pacífico, da Europa e da Ásia Central.
“Estudos realizados anteriormente sugerem que a falta de inovação em nossas empresas está associada à escassez de formados nessas áreas. Claramente, isso afeta o desempenho da região nos mercados internacionais”, alertou.
Por: IstoeducaÉ Dinheiro