Disciplina e rigor: conheça o sistema de ensino chinês

Publicado por Sinepe/PR em

País asiático atrai meio milhão de estudantes em intercâmbio anualmente e aposta no multiculturalismo

Rigor e disciplina são as principais características da educação na China, país que tem se destacado em exames como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) e atraído meio milhão de intercambistas todos os anos. O sistema de educação chinês tem chamado a atenção de todo o mundo e em especial dos brasileiros após a abertura da Escola Chinesa Internacional na cidade do Rio de Janeiro.

Na prática, a organização do sistema de ensino do país asiático não é muito diferente do brasileiro. A duração dos ciclos de estudo, fundamental e ensino médio, também é de 12 anos. “O que realmente muda é a atitude dos chineses com relação à educação: eles se envergonham da ignorância”, destaca o professor da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e sinólogo, André Bueno.

Desde o final da década de 1970, o governo chinês faz investimentos massivos em educação. Novas escolas foram construídas, instalações existentes foram reformadas e o sistema foi reformulado para aumentar a qualidade. O resultado é uma taxa de alfabetização em torno de 94% entre os chineses.

“Numa nação extremamente competitiva, os pais querem que seus filhos sejam bem-sucedidos, costumam ir até a escola para ver se os filhos estão se comportando e se estão estudando”, explica Bueno.

Além da pressão da família, o sistema é bem rígido e a metodologia é marcada por memorização e repetições. Os profissionais da educação são muito valorizados por lá e contam com alunos dedicados dentro e fora das salas de aulas.

“O professor tem a profissão mais valorizada do país e os alunos estão sempre estudando, não é raro ver muitos estudantes na sala de aula nos intervalos lendo livros, passam o dia na escola e estudam a noite e aos fins de semana se dedicam a aprender instrumentos musicais”, conta Daniel Veras, pesquisador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio e ex-professor de uma universidade chinesa.

Para ingressar em uma universidade na China, os estudantes fazem o Gaokao, uma longa prova dividida em dois dias, assim como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Na última edição, 10 milhões de candidatos se inscreveram, número que quase supera a população de Portugal, que é de 10, 2 milhões de habitantes.

Após passar por essa seleção, os estudantes rumam para as universidades, considerado um trampolim para um bom emprego no futuro. A estrutura das instituições chinesas se assemelha com às das norte-americanas com campi amplos e bem cuidados. A maioria dos universitários mora nos domitórios e a dedicação é em período integral, uma realidade muito distante para a maioria dos estudantes do ensino superior brasileiros.

“Muitos se espantavam quando eu dizia que no Brasil as pessoas trabalhavam durante o dia e estudavam à noite, para eles isso é impossível”, conta Veras.

Alunos estrangeiros
A China também se tornou um dos principais destinos de estudantes intercambistas e o governo chinês tem patrocinado bolsas de estudo.
“O aluno estrangeiro tem a oportunidade de conhecer a cultura chinesa, a maneira como eles vivem e esses estudantes acabam se tornando representantes da China em seus países de origem”, explica Bueno.

Nessa linha, a Escola Internacional Chinesa é a primeira do mundo com o aval do consulado. O sistema é trilíngue, os estudantes aprendem em mandarim, inglês e português. A escola segue as diretrizes do MEC (MInistério da Educação), mas também se baseia no currículo chinês.

“A escola oferece um ambiente multicultural, expande o olhar para a cultura chinesa, oferecendo uma visão mais ampla sobre o país”, conclui Veras.

Por: Notícias R7