Ministro da Educação diz que ‘abriu mão’ de ver questões do Enem 2021: ‘De maneira alguma eu terei acesso’

Publicado por Sinepe/PR em

Milton Ribeiro diz que sigilo será mantido para evitar interpretações como ‘censura’ do MEC à prova

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou nesta quarta-feira (9) que “abriu mão” de ver previamente as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, para evitar que isto fosse interpretado como “censura”.
A declaração foi dada em uma audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. O ministro citou uma entrevista que deu recentemente em que foi questionado sobre a prova. De acordo com a publicação, ele havia afirmado que queria ter acesso às questões antes do exame chegar aos candidatos. O Enem 2021 está marcado para 21 e 28 de novembro.

“Eu abri mão de acessar toda e qualquer interpretação que eventualmente alguém possa dar, de uma censura prévia, ou coisa do tipo. De maneira alguma eu terei acesso às questões do Enem”, afirma Milton Ribeiro.
Ribeiro afirmou que consultou o corpo técnico do Inep, autarquia ligada ao MEC e responsável pela elaboração do Enem, para verificar a possibilidade de ver a prova, garantindo o sigilo.

A conclusão foi que o Inep tem mecanismos para garantir que a prova avalie conhecimentos dos estudantes sem que as questões estejam marcadas por o que ele chama de “ideologias”.

“Eu falei com o corpo técnico do MEC, com meus assessores, para que eles estudassem a possibilidade, resguardando o sigilo das informações. Eles fizeram a avaliação, e após a nossa avaliação interna, entendo que hoje nós temos uma governança estabelecida pelo próprio Inep que será suficiente para que a prova avalie conhecimento dos candidatos, evitando que a seleção se baseie na visão de mundo de cada um deles”, afirmou o ministro.

Em entrevista na quinta (3) à CNN Brasil, Milton Ribeiro criticou questões de edições anteriores do Enem. Ele citou uma pergunta sobre a diferença salarial entre os jogadores Neymar e Marta, que traz como pano de fundo o debate sobre salários de homens e mulheres; e outra que aborda dialeto de gays e travestis, que pedia para o aluno reconhecer a característica necessária para que o patrimônio linguístico de um grupo social possa ser considerado dialeto. Nesta quarta, Ribeiro fez referência às citações.

“A prova do Enem não é um certame que vai avaliar qual a visão que o aluno tem do mundo, da economia. Não é este o objetivo. Para mim, a prova do Enem deve buscar avaliar o conhecimento que o aluno tem e a condição diante de outros candidatos para que ele possa acessar o ensino superior”, declarou nesta quarta na Câmara.

“Quero deixar claro, portanto, de maneira até antecipada, que orientei o Inep, no papel de supervisão ministerial, para que a prova tenha caráter técnico sem viés ideológico ou partidário de qualquer matiz”, afirmou.

A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP), em sua intervenção dirigida ao ministro, afirmou que “é muito grave que o senhor tenha cogitado pessoalmente ter acesso ao conteúdo e formulação das questões do Enem. Isso se chama censura. Mesmo que o senhor tenha aberto mão desse papel ridículo, [o senhor] designou uma comissão do Ministério da Educação para intervir sobre o conteúdo”.

“Isso é parte fundamental do Enem: a reflexão sobre a sociedade como ela é, uma visão crítica sobre a sociedade brasileira”, complementou a parlamentar.

Desejo de Bolsonaro
Em 2018, logo após sua eleição, o presidente Bolsonaro disse que gostaria de ter conhecimento do conteúdo do Enem antes da realização e criticou a questão sobre dialeto gay: “Quando a gente vai ver a tradução daquelas palavras, um absurdo, um absurdo! Vai obrigar a molecada a se interessar por isso agora para o Enem do ano que vem?”.

Uma comissão criada em 2019 no governo para avaliar o conteúdo das questões sugeriu “não utilizar” 66 questões do Banco Nacional de Itens (BNI). Entre elas, 18 eram itens pré-testados e 48 eram itens novos.

Cronograma do Enem 2021
Fique atento às datas:

• 9 de junho: resultado preliminar do pedido de isenção
• 14 a 18 de junho: período para apresentar recursos
• 25 de junho: resultado final com os pedidos aceitos
• 30 de junho a 14 de julho: período de inscrições
• 30 de junho a 19 de julho: pagamento da inscrição
• 30 de junho a 14 de julho: pedido de atendimento especializado
• 19 a 23 de julho: pedido de tratamento pelo nome social
• 21 e 28 de novembro: provas impressa e digital
• Como nos últimos anos, o Enem será aplicado em dois domingos.

Em 21 de novembro, o candidato deverá fazer:

• 45 questões de linguagens;
• 45 questões de ciências humanas;
• e Redação.

Em 28 de novembro, a prova tem meia hora a menos:

• 45 questões de matemática
• e 45 questões de ciências da natureza.

Veja os horários de aplicação (no fuso de Brasília):

• 12h: abertura dos portões
• 13h: fechamento dos portões
• 13h30: início das provas
• 19h: término das provas no 1.º dia (devido à redação, haverá maior tempo)
• 18h30: término das provas no 2.º dia

Por: G1