O abre e fecha das escolas e os impactos nos professores

Publicado por Sinepe/PR em

Medo, ansiedade e insegurança são sentimentos relatados pelos educadores neste momento de incerteza. Três professoras de escolas públicas compartilham suas experiências

Dia após dia, as notícias sobre a pandemia são mais preocupantes. Recordes de contaminações e óbitos, que não queríamos alcançar, se tornaram mais frequentes.

Milhares de brasileiros perdem a vida para a Covid-19 e outros lutam para sobreviver após receber o diagnóstico positivo. Enquanto isso, a vacinação avança lentamente. Nesse cenário, a Educação voltou a ser abalada. Após um grande movimento de planejar o retorno presencial e os protocolos de biossegurança, pensar em novas metodologias e reorganizar o currículo para atender às aprendizagens que ficaram para trás em 2020, o ensino remoto voltou a ser a regra na maior parte do país.

Esse abre e fecha das escolas impacta fortemente os educadores e os estudantes, e as incertezas trazem consequências à saúde mental dos professores. “Me sinto perdida com essa ida e vinda, tenho medo de adoecer e morrer. Sinto impotência e raiva de não poder dar um norte para os meus alunos. Por mais que eu faça meu melhor, não tenho resposta para eles”, afirma a professora Patrícia Dias, que leciona na Escola Estadual Marcos Antonio Costa, na zona leste da capital paulista. Nesse período de espera para ver o que acontecerá, ela diz que está concentrada em planejar atividades para manter o engajamento dos alunos.

Os desafios do ensino remoto e a falta de respostas
A professora Patrícia dá aulas sobre Tecnologia e Inovação para as turmas de Fundamental 2 e de Língua Portuguesa para o Ensino Médio. Ela entrou neste ano na instituição, mas sempre lecionou na comunidade. “Nesta região, por ser periferia, a escola é um espaço de encontro, e isso faz muita falta para os alunos. Eles ficaram desestimulados”.

No início do ano, quando as aulas voltaram presencialmente, a escola estava em reforma. “Não temos estrutura física. A ventilação na sala não é suficiente”, conta a educadora. Com o retorno, eram atendidos, por turma, grupos de 8 a 12 alunos. Aqueles que ficavam em casa assistiam ao Centro de Mídias, oferecido pela Secretaria Estadual de São Paulo, e realizavam as atividades que a professora preparava. Nesse período presencial, infelizmente, houve casos de contágio e o falecimento uma pessoa da equipe escolar.

Com o decreto do retorno para o ensino remoto, apesar de ser necessário diante do cenário atual, a professora vê que o trabalho a distância está longe de ser o ideal. “Para quem já tinha familiaridade com a tecnologia foi ótimo, mas muitos se sentiram perdidos. Tenho colegas que são excelentes professores, mas não conseguiram se adaptar e ficaram desestimulados”.

Por: Nova Escola