Como acolher os alunos em tempos de aulas remotas

Publicado por Sinepe/PR em

Preocupação com a saúde mental tem cooperado para a aproximação, mesmo que virtual, da comunidade escolar

O apoio emocional aos alunos, familiares e educadores, em outras palavras, a saúde mental, é tão importante quanto as novas estratégias de retorno das aulas presenciais. Segundo Bianca Ventura, orientadora educacional do Colégio Anglo 21, localizado na zona sul de São Paulo, os canais de escuta e articulação entre a comunidade escolar têm estreitado o relacionamento entre pais e professores, sendo assim, gerando resultados positivos nos estudantes. “Nós fazemos enquetes periódicas com pais e alunos, nas quais conferimos o tempo de dedicação às atividades online, percepção de aprendizagem e sensações, e a partir deste ponto, alinhamos novos combinados em outros fóruns, como reunião de pais e assembleias de classe no formato online. Essas revelações foram fundamentais para que pudéssemos ajustar questões práticas para melhoria das aulas, das avaliações e do acolhimento de modo geral”, afirma.

A saber, uma das estratégias utilizadas pelo colégio foi montar uma roda de conversa online com a comunidade escolar para debater sobre os diversos temas relacionados ao contexto atual, com foco no fortalecimento do senso de comunidade e pertencimento, o Diálogos 21. “Nossa próxima rodada se chama Como reduzir o estresse durante a pandemia e contaremos com a participação de três mães que vão trazer contribuições das suas áreas profissionais para tranquilizar o dia a dia de alunos, pais e professores. A intenção desses encontros é unir a comunidade escolar, pois sentimos muita falta do ambiente presencial”, explica Bianca.

Saúde mental, olhares atentos
Nesse período, a educadora conta que os alunos demonstraram a necessidade de aproximação da escola e, por conta disso, a instituição criou uma agenda de apoio escolar paralela às atividades do cronograma de aulas e eventos. “A organização de encontros individuais com os professores, ou em pequenos grupos, permitiu ampará-los mais em seus percursos de aprendizagem, principalmente os alunos que tiveram mais dificuldade na adaptação ao novo formato. Precisamos flexibilizar prazos e considerar estratégias de apoio emocional para lidarmos juntos com os desafios dessa realidade de distanciamento e isolamento social”, conta.

Aliás, o convívio social com amigos, colegas de turma e até com o próprio time pedagógico da escola é o que mais afeta os estudantes. “Buscamos driblar essa sensação de isolamento por meio de atividades culturais, como sarau online e rodas de conversa. Montamos também grupos de WhatsApp para favorecer a interlocução direta dos jovens com a escola. Por meio destes canais eles trouxeram como sugestões encontros virtuais para jogos grupais, debates de filmes e até piquenique”, ressalta a orientadora.

Ainda segunda a especialista, uma das razões que mais causa ansiedade nos alunos é a preocupação com relação à saúde de seus familiares e amigos e o retorno das aulas presenciais.

“De um lado, há um desejo de recuperar os encontros sociais e a aprendizagem presencial, mas por outro, há um temor em relação ao novo formato e uma sensação de perda, já que a escola não voltará, nesse momento, a ser como era antes. Mais da metade dos nossos alunos afirmam que se preocupam com o futuro de suas aprendizagens e o que podemos fazer é ajudá-los a focar no que é possível fazer hoje”, conclui.

Por Revista Educação