Aulas online contam como dia letivo? Conselho Nacional de Educação prepara documentos para orientar escolas

Publicado por Sinepe/PR em

Com intuito de auxiliar as instituições de ensino, o Conselho Nacional de Educação (CNE) irá preparar uma resolução e um parecer sobre como aplicar a educação remota

Com a pandemia do coronavírus, aulas foram suspensas em todo país. Diante desse cenário, as escolas tiveram que lidar com um grande desafio: como utilizar a tecnologia para continuar passando os conteúdos aos alunos. Com intuito de auxiliar as instituições de ensino, o Conselho Nacional de Educação (CNE) irá preparar uma resolução e um parecer sobre como aplicar a educação remota.

Segundo a conselheira do CNE, que está à frente da discussão das medidas, Maria Helena Guimarães de Castro, o objetivo é que uma primeira versão das normas seja finalizada nos próximos dias para serem submetidas a consulta pública. “Estados, municípios e conselhos [estaduais e municipais] estão tendo papel importantíssimo neste momento, que é inédito para Brasil e para o mundo. Ninguém sabe o que fazer”, diz a conselheira.

Para Maria Helena, um dos principais desafios do país é tornar a tecnologia parte do dia a dia escolar. “A grande dificuldade que o Brasil, assim como os demais países, está enfrentando é a situação imprevisível em uma área que não tem tradicionalmente a cultura do digital, do trabalho remoto ou da educação a distância. Isso é novo e complexo para quem está trabalhando com educação básica nas escolas públicas e particulares”.

De acordo com a especialista, os documentos não deixarão de levar em conta as desigualdades do país. Assim irá considerar se as crianças têm acesso aos meio digitais e a internet. O documento irá esclarecer quais são os meios remotos pelos quais a escola poderá atuar. Eles vão desde a entrega física de materiais para as famílias e aulas pela TV e rádio às vídeoaulas transmitidas pela internet.

Caso os materiais tenham sido disponibilizados, é importante pensar em que tipos de avaliação os professores poderão fazer para avaliar se os estudantes aprenderam o conteúdo na volta às aulas. “Momento extremamente delicado, muito sensível. Todos tiveram uma fase difícil de ruptura em relação ao cotidiano. Então, estamos chamando atenção para o acolhimento, que é muito importante, e para avaliações diagnósticas. Caberá às escolas e redes de ensino definir instrumentos de avaliação para ver até onde alunos conseguiram avançar”, explica Maria Helena.

O parecer e a resolução buscam servir como orientações para as redes e como regulamentação da medida do governo federal que autorizou que as escolas tenham este ano menos que 200 dias letivos, desde que cumpram 800 horas de ensino.

Diálogo com os alunos
A presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Cecilia Motta, também defendeu que as escolas mantenham contato com as famílias e com os estudantes e que se esforcem para oferecer atividades, mesmo que não tenham a mesma qualidade das atividades presenciais e seja necessário repor as aulas. “É uma maneira de minimizar as perdas que teremos, porque teremos, não há dúvida disso”.

De acordo com Cecilia, que é secretária estadual de Educação de Mato Grosso do Sul, cada estado está tomando as medidas possíveis para a região lidar com a suspensão das aulas. Em Mato Grosso do Sul, as escolas estão buscando ofertar aos alunos desde aulas online até materiais para que possam trabalhar em casa. “Dois por cento dos estudantes não estão sendo atendidos de maneira nenhuma. Isso, para nós, é muito preocupante porque vemos a questão da desigualdade. São alunos [para os quais] temos de nos preparar para receber no retorno à escola”.

De acordo com a Agência Brasil, no país, há suspensão de aulas em todos os estados para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. A medida não é exclusiva do Brasil. No mundo, de acordo com os últimos dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que monitora os impactos da pandemia na educação, 188 países determinaram o fechamento de escolas e universidades, afetando cerca de 1,6 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a 91,3% de todos os estudantes no mundo.

Por Revista Crescer