Como fica a educação das crianças com Down durante a quarentena?

Publicado por Sinepe/PR em

Crianças devem continuar com as terapias e devem receber os estímulos para continuar com o seu desenvolvimento

Simone Amodio Pereira Sato é mãe de Lívia, de 6 anos, e de Arthur, de 3 anos. Como tantas mães neste período de isolamento para o combate da pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus, Simone divide seu tempo entre os dois filhos, o home office e as atividades domésticas.

Além de acompanhar os filhos nas aulas online enviadas pela escola, Simone precisa dedicar um tempo extra para dar sequência às terapias e à fisioterapia do Arthur, que tem Síndrome de Down.

Para não perder o ritmo, as terapias são realizadas por meio de vídeo chamada. “As terapeutas mandam mensagem e sugerem atividades como a terapeuta ocupacional que nos orientou’brincar’ com massinha caseira para ele desenvolver o tato e a percepção e também a fazer um varal com pregadores de roupa para ele desenvolver a coordenação e o movimento de pinça”, conta Simone.

Nesse processo Simone conta a ajuda da irmã mais velha, a Livia. “Ela estimula muito o irmão, brinca, mas as vezes na terapia acaba tirando a concentração”, diz.

A engenheira Gisely Iácono vive uma realidade parecida com os gêmeos Manuela e Rafael, de 4 anos. Rafael também é Down e ela precisa equilibrar a rotina de trabalho com as crianças. “Eu faço home office e combinei com a minha gestora que vou precisar em alguns momentos para fazer as atividades das crianças e em especial os exercícios e estímulos do Rafael”.

Para dar conta, Gisely compensa as horas trabalhando até tarde da noite, dependendo do dia. “Um dos exercícios propostos pela terapeuta ocupacional para o Rafael é o desfralde, preciso parar várias vezes para levá-lo ao banheiro, além dos exercícios que ele precisa fazer e as atividades da escola ficam para o fim de semana.”

A psicopedagoga Ivone Scatolin destaca que a tecnologia, como as aulas e atividades online são muito utilizadas para todos os alunos, mesmo para aqueles com alguma síndrome, transtornos ou com alguma dificuldade no aprendizado.

“Essas novas tecnologias favorecem e contribuem no desenvolvimento das pessoas com necessidades especiais por permitirem o acesso ao conhecimento, ampliarem as habilidades funcionais e promoverem autonomia e inclusão”, explica.

No entanto, destaca que “como qualquer recurso pedagógico, é necessário que o conteúdo seja adaptado à condição do aluno e os pais sejam orientados pela escola como utilizar o conteúdo nesse período de pandemia.”

Como observa Ivone, sem a orientação adequada “corre-se o risco de não atingir o objetivo maior que é a aprendizagem significativa, além se criar um clima de ansiedade nos pais ou na pessoa que está junto com a criança mediando este processo.”

A fonoaudióloga Adriane Santoro Bastos Gebin, 50 anos, especialista em Síndrome de Down é categórica: “todas as crianças precisam de oportunidades para continuar o seu desenvolvimento.”

Devido a imunidade baixa, as crianças não podem sair de casa nesse período de isolamento. Aquelas que já fazem terapia em clínicas devem continuar seguindo as orientações e dar continuidade ao tratamento em casa.

Para os pais ou cuidadores que não têm essa oportunidade, Adriane dá algumas dicas: “O momento do banho, por exemplo, é uma oportunidade de interação entre bebês e pais, fazer perguntas e ver as reações, conversar é uma forma de estimular a fala da criança.”

Um bebê não pode ficar só no carrrinho ou berço, deve ser colocado em um tapetinho com brinquedos para estimular o seu desenvolvimento. Para as crianças maiores, vale sentar por meia hora e brincar. “Os pais vão perceber como está o desenvolvimento delas e poderão estimular ainda mais.”

Apresentar diferentes texturas, temperaturas e sons. Amassar papel celofane, imitar os sons dos animais. Contar histórias e deixar que a criança reconte do seu jeito, com suas próprias palavras são algumas orientações.

“Apesar de todas as dificuldades do isolamento, essa é um grande oportunidade dos pais estarem com seus filhos em tempo integral”, conclui Adriane.

Por R7 Educação