Alteridade x escola: uma construção mútua e encantadora

Publicado por Sinepe/PR em

É comum falarmos sobre a importância de vivenciar o coletivo, de contar com a ajuda das pessoas, do fato de que somos seres múltiplos e necessitamos do convívio para que nos tornemos melhores diante da sociedade. Colocar-se no lugar do outro, reconhecendo suas limitações e habilidades é, sem dúvidas, a chave para uma sociedade mais humana. Isso chama-se alteridade.

Tudo fica muito claro quando somos adultos e já conseguimos construir uma opinião própria. Mas como desenvolver alteridade em crianças ainda pequenas? Esta talvez seja, ao mesmo tempo, a tarefa mais fácil e mais difícil. Isso porque vivemos em busca de situações que nos mobilizam e nos permitem sair da zona de conforto.

Ao desenvolver qualquer trabalho com crianças pequenas, entre 6 e 10 anos, precisamos nos atentar sobre a maneira como conduzimos as situações de aprendizagens. O que nos torna indivíduos únicos são as nossas diferenças, o nosso modo de pensar e, claro, o modo como vemos o outro.

No cotidiano, as pessoas acabam valorizando o que é palpável, material. Falamos tanto sobre a importância de bem conviver no âmbito escolar e familiar que acabamos não valorizando o outro e sua essência de fato.

Por essa razão, se desejamos que a criança observe o outro, com as suas características e potencialidades, é necessário que sejamos exemplos, seja como pais ou educadores. Criar situações imaginárias que favoreçam o desenvolvimento do lado humano é bom, mas utilizar de situações reais para ensinar é incrível.

Para isso, é preciso um olhar atento, generoso e cuidadoso. Adjetivos estes que também necessitamos exercitar enquanto condutores de um processo de aprendizagem pessoal e coletiva. Valorizar as pessoas, seus fazeres e suas opiniões mexe também com a nossa formação, afinal, não precisamos reproduzir aquilo que não nos foi colocado como potencial. Devemos nos utilizar dessa experiência negativa para transformar a realidade em que nos encontramos.

Nos equivocamos ao pensar que não há aprendizado em uma simples assembleia, um dia do abraço, reflexões a respeito de uma situação simples ocorrida no intervalo das aulas, ou em uma tarefa não feita. Se colocarmos as luzes necessárias em cada situação, e estas forem de verdade, o aprendizado se dará de maneira única e eficaz.

Os fatos ganham a importância que nós damos a eles. Da mesma forma acontece com as pessoas. Se você acredita que para trabalhar alteridade precisamos de grandes fatos, lamento informar: precisamos nos colocar em situações de aprendizagens simples e cheias de amor.

Carla Simião Antunes é graduada em pedagogia com pós em Psicopedagogia Clínica e Instrucional, e professora do 4.º ano do Ensino Fundamental Anos Iniciais do Colégio Marista Criciúma.